21 de novembro de 2025 - 16h30

Justiça dá fôlego ao Corinthians para negociar R$ 200 milhões em dívidas

Clube agora tem até fevereiro para pagar R$200milhões e readequar proposta que previa destinação de 4% de receitas

ESPORTE
Corinthians tem até fevereiro para reestruturar plano de pagamento de dívidas no RCE. - Foto: Reprodução

O Corinthians terá 60 dias para apresentar um novo plano de pagamento no Regime Centralizado de Execuções (RCE), após a Justiça indeferir a homologação do modelo original, mas reconhecer avanços no processo. Com isso, o clube evita o risco de novos processos individuais no curto prazo e ganha tempo para negociar cerca de R$ 200 milhões em dívidas.

Entre os ajustes exigidos está a obrigatoriedade de destinar, no mínimo, 20% das receitas mensais ao pagamento dos débitos. A proposta inicial previa percentuais menores, entre 4% e 6% das receitas recorrentes, e de 5% a 8% sobre a venda de atletas.

A Justiça, no entanto, admitiu que o clube destine menos do que os 20% diretamente ao RCE, desde que comprove o uso do restante do valor para quitar outras obrigações antigas, como dívidas trabalhistas e fiscais, desde que a soma total atinja os 20% exigidos por lei.

Outro ponto considerado positivo foi a aprovação do leilão reverso, que permitirá ao Corinthians usar receitas de venda de jogadores para pagar credores dispostos a aceitar deságios. O clube queria um prazo de dois anos para essa operação, mas a Justiça determinou que o leilão ocorra em até 30 dias após o recebimento dos valores.

Por outro lado, o uso de recursos da venda de atletas para cobrir despesas operacionais foi proibido. A decisão reforça que essas receitas devem compor a base de cálculo dos 20% destinados à quitação das dívidas antigas.

A manutenção do prazo de até dez anos para pagamento integral dos débitos também foi recebida com alívio. Parte dos credores pedia um prazo mais curto, mas a Justiça condicionou esse teto à quitação de pelo menos 60% do passivo nos primeiros seis anos.

Agora, o departamento jurídico do Corinthians tem até a próxima semana para se manifestar sobre as exigências da Justiça. O novo plano precisa estar em conformidade até fevereiro de 2026.

A Justiça determinou que valores já penhorados em execuções individuais contra o Corinthians passem a compor um rateio proporcional entre os credores do RCE, a ser proposto pela administradora judicial 45 dias após a homologação do plano.

Quatro credores, os empresários André Cury, Carlos Leite, Walter Caetano e a ex-patrocinadora Pixbet, apresentaram embargos ao plano.

O juiz também vetou a criação de uma categoria de "credores parceiros", proposta pelo clube para beneficiar quem ainda prestasse serviços. Segundo a decisão, essa distinção viola o princípio de tratamento igualitário, permitido apenas em casos previstos por lei, como idosos, pessoas com doenças graves ou quem aceitar deságio de 30%.

Outro ponto alterado foi a correção monetária das dívidas. A Justiça aceitou o uso do IPCA apenas para credores que aderirem voluntariamente ao plano. Já para os demais, será aplicada a taxa Selic.