Boicote dos EUA à cúpula do G20 na África do Sul amplia tensão diplomática
Trump alega perseguição a brancos e isola país em encontro global; China assina acordo bilionário na Zâmbia
G20A primeira cúpula do G20 realizada na África do Sul foi marcada por uma ausência de peso: os Estados Unidos não enviaram representantes ao encontro, por ordem do presidente Donald Trump. O boicote escancarou o isolamento diplomático norte-americano e deu espaço para a China ampliar sua influência no continente africano.
Trump justificou a decisão alegando que a África do Sul — país de maioria negra — persegue sua minoria branca. Ele classificou a realização da cúpula em Joanesburgo como uma "desgraça", tornando os EUA o único dos 19 países do G20 sem representação no evento.
China preenche vácuo e assina acordo bilionário - Enquanto os EUA se afastavam, a China avançava. O primeiro-ministro chinês Li Qiang aproveitou o encontro para assinar um acordo de US$ 1,4 bilhão com a Zâmbia, visando a reforma da malha ferroviária do país africano. Analistas internacionais avaliam que o boicote americano pode acelerar a aproximação entre países em desenvolvimento e Pequim, enfraquecendo a liderança tradicional dos Estados Unidos na governança global.
A presidência da cúpula ficou a cargo da África do Sul, que pretendia focar em temas urgentes para o Sul Global, como mudanças climáticas, dívidas de países pobres e desigualdade. No entanto, o clima esquentou após acusações de que Washington estaria pressionando Pretória a não publicar uma declaração conjunta dos líderes em razão da ausência americana.
O presidente sul-africano Cyril Ramaphosa reagiu com firmeza às críticas: “Não seremos intimidados”, afirmou. “A ausência deles é perda deles”, completou, sinalizando que o país continuará firme em seu protagonismo internacional.
A decisão de Trump rompe com a tradição de diálogo multilateral que caracteriza o G20, grupo que reúne as principais economias do mundo. Especialistas alertam que o gesto pode ter efeitos duradouros, abrindo caminho para uma nova configuração de poder internacional, especialmente entre países em desenvolvimento.
Além da China, outras nações também buscaram aprofundar parcerias econômicas e ambientais durante o encontro. O vácuo deixado pelos EUA criou um espaço simbólico e estratégico para novas alianças que poderão alterar o equilíbrio geopolítico nos próximos anos.