21 de novembro de 2025 - 13h35

Brasil amplia janela de lançamento do foguete sul-coreano Hanbit-Nano no Maranhão

Missão da empresa Innospace com satélites brasileiros e indianos será feita no Centro de Lançamento de Alcântara e pode marcar entrada do país no mercado global aeroespacial

TECNOLOGIA
Foguete Hanbit-Nano será lançado do Centro de Lançamento de Alcântara, no Maranhão, com satélites brasileiros - Foto: Imagem gerada por IA

A Agência Espacial Brasileira (AEB) anunciou a ampliação da janela de lançamento do foguete sul-coreano Hanbit-Nano, previsto para decolar do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão. Com a mudança no cronograma da Operação Spaceward, a nova data estimada para a tentativa inicial passou de 22 para 17 de dezembro, e o prazo de lançamento vai até o dia 22 do mesmo mês.

Coordenada pela AEB em parceria com a Força Aérea Brasileira (FAB), a missão poderá representar a entrada definitiva do Brasil no mercado internacional de lançamento de foguetes, setor estratégico e altamente competitivo. Segundo o diretor do CLA, Clóvis Martins, esse avanço pode gerar mais investimentos, empregos e renda para o país, especialmente na região Nordeste.

Veículo de propulsão híbrida - Com 21,8 metros de altura, 1,4 metro de diâmetro e cerca de 20 toneladas, o Hanbit-Nano é um foguete orbital de dois estágios desenvolvido pela empresa sul-coreana Innospace. Ele utiliza tecnologia de propulsão híbrida e é capaz de colocar até 90 quilos de carga útil em órbita a 500 km da Terra.

No primeiro estágio, o foguete é impulsionado por um motor híbrido com 25 toneladas de empuxo, alimentado por combustível sólido de base parafínica e oxidante líquido — combinação que oferece mais segurança, simplicidade e menor custo operacional. Já no segundo estágio, ele pode utilizar dois tipos de motores, dependendo da missão: o HyPER (híbrido de alto desempenho) ou o LiMER (metano líquido com bomba elétrica).

A operação envolve 247 profissionais, sendo 102 engenheiros com dedicação exclusiva. As equipes se dividem entre áreas como propulsão, sistemas de alimentação por bomba elétrica, motores com metano e controle e aviônica. O foguete conta ainda com um Sistema de Terminação de Voo (FTS), capaz de encerrar o lançamento imediatamente caso ocorra alguma anomalia.

Ao todo, o Hanbit-Nano levará a bordo oito cargas úteis — sete delas brasileiras e uma estrangeira. Entre os principais projetos embarcados estão os nanossatélites FloripaSat-2A e FloripaSat-2B, desenvolvidos pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), e o sistema de navegação inercial SNI-GNSS, criado por um consórcio de empresas brasileiras com apoio direto da AEB.

Outro destaque é o satélite educacional PION-BR2 – Cientistas de Alcântara, projeto da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), que integra o programa homônimo da AEB em parceria com o PNUD e a startup PION. A iniciativa tem como foco aproximar jovens maranhenses da ciência e da tecnologia espacial.

As cargas estrangeiras incluem experimentos de universidades e empresas da Índia, reforçando o caráter internacional da missão.

Ajustes técnicos e segurança - Segundo Rogério Moreira Cazo, coordenador-geral da Operação Spaceward, a ampliação da janela de lançamento foi decidida após ensaios de validação dos sistemas de aviônica apontarem a necessidade de ajustes. “Aprimoramentos como este são comuns em missões inaugurais”, afirmou.

Além disso, a prorrogação permitirá um melhor processamento dos sinais emitidos pelo veículo, essenciais para avaliar o desempenho do lançamento em tempo real.

A operação em Alcântara é considerada estratégica para o Brasil, que busca se consolidar como plataforma de lançamentos comerciais no cenário internacional. A localização privilegiada do CLA, próxima à linha do Equador, proporciona vantagens logísticas e de economia de combustível para missões orbitais.