Show de Kanye West em São Paulo é cancelado após veto da Prefeitura
Produtora culpa revogação do uso de Interlagos e clima político; rapper é alvo de críticas por falas antissemitas e música com apologia ao nazismo
SHOW CANCELADOO show do rapper Kanye West — ou Ye, como passou a se identificar — em São Paulo foi oficialmente cancelado. A confirmação veio nesta quinta-feira (20), em nota divulgada pela Holding Entretenimento & Networking, produtora responsável pelo evento. A apresentação estava marcada para 29 de novembro, mas seguia sem local definido após a Prefeitura vetar o uso do Autódromo de Interlagos.
A revogação do acordo, segundo informações divulgadas anteriormente, ocorreu devido a comportamentos preconceituosos do artista, que incluem publicações ofensivas nas redes sociais e o lançamento de uma música com referências ao nazismo. O caso também mobilizou o Ministério Público de São Paulo (MPSP), que orientou a Polícia Militar a manter agentes de prontidão para prendê-lo caso ocorressem discursos antissemitas durante o show.
O que diz a produtora
Em nota, a empresa afirma ter esgotado todas as alternativas para viabilizar o evento:
“Fizemos todos os esforços para garantir a realização do evento, mesmo com o cachê do artista, taxas para uso do autódromo e demais despesas já pagas. Infelizmente, a autorização de uso de Interlagos foi revogada unilateralmente pela administração pública.”
O comunicado também aponta que, nas últimas semanas, ficou claro que o ambiente político não permitiria a realização do show na capital paulista.
Nova data e reembolso
A produtora informou que procura uma nova cidade para sediar o espetáculo. Os ingressos já adquiridos continuarão válidos automaticamente, sem necessidade de ação por parte do público. Quem preferir poderá pedir reembolso integral — as orientações serão enviadas por e-mail e WhatsApp em até 24 horas. Os ingressos estavam esgotados.
A polêmica que levou ao veto
O anúncio da vinda de Kanye ao Brasil foi feito em julho, e o local só foi confirmado no fim de agosto. Em 10 de outubro, a Prefeitura comunicou a rescisão do acordo com a produtora, alegando que não havia sido informada previamente sobre qual artista seria contratado.
Em nota enviada à imprensa, o município afirmou que sua decisão segue o previsto em contrato e reforçou que a gestão “não compactua com apologia ao nazismo ou qualquer conduta criminosa de caráter racista”.
Com a indicação de que o show seguia confirmado, o Ministério Público de São Paulo determinou que a PM adotasse medidas preventivas. A promotoria pediu que o artista fosse detido caso promovesse ou cantasse a música Heil Hitler, exibisse símbolos nazistas ou fizesse referências ao regime durante sua passagem pelo Brasil.
As falas antissemitas de Kanye West
Kanye West acumula uma série de declarações antissemitas ao longo dos últimos anos. Em postagens no X (antigo Twitter), publicou frases como “Eu sou nazista”, “Eu amo Hitler” e “Eu nunca vou me desculpar pelos meus comentários sobre judeus”. Também foi acusado por ex-funcionários de proferir afirmações discriminatórias sobre judeus e brancos.
Embora tenha pedido desculpas algumas vezes, voltou a repetir falas ofensivas no início de 2025, quando declarou ter descoberto que está no espectro autista. Meses depois, recuou novamente afirmando estar “farto de antissemitismo”.
A música Heil Hitler, lançada em maio de 2025 e proibida por plataformas como YouTube e Spotify, continha diversas referências ao nazismo. O rapper relançou a faixa sob o título Hallelujah, substituindo elementos nazistas por alusões cristãs.