A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou, nesta quarta-feira (19), uma autorização excepcional que permite à Embrapa iniciar pesquisas sobre o cultivo da Cannabis sativa. A decisão é considerada um marco para o avanço científico no país e atende a um pedido da estatal, que citou o aumento do interesse mundial pela planta e seu potencial econômico, social, ambiental e medicinal.

Antes que os estudos comecem, a Embrapa passará por inspeção presencial da própria Anvisa e deverá cumprir protocolos rígidos de segurança e controle. A agência também determinou que nenhum produto resultante das pesquisas poderá ser comercializado. O material vegetal não apto à propagação poderá ser enviado apenas para outras instituições de pesquisa autorizadas.

Para o relator do processo, o diretor da Quinta Diretoria da Anvisa, Thiago Lopes Cardoso Campos, a medida fortalece a produção de conhecimento nacional.
“É a ciência quem deve guiar o País. Essa autorização permite que o Brasil produza conhecimento próprio, fortaleça sua autonomia tecnológica e cumpra seu dever com a saúde pública e o desenvolvimento nacional”, afirmou.

Campos destacou ainda que pesquisas voltadas a desafios reais do Brasil ajudam a reduzir dependências externas e ampliam a competitividade tecnológica do país.

O que será pesquisado?

A autorização libera três frentes principais de estudo dentro da Embrapa:

• Conservação e caracterização de germoplasma — conduzida pela Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, focada no material genético da planta.
• Bases científicas e tecnológicas para cannabis medicinal — na Embrapa Clima Temperado.
• Pré-melhoramento de cânhamo para fibras e sementes — pela Embrapa Algodão.

As pesquisas devem aprofundar o entendimento sobre genética, aplicações medicinais e potencial industrial da cannabis, especialmente do cânhamo, usado na produção de fibras e alimentos.