TJMS confirma pena a aluno que chamou colega de "macaco" em partida de basquete
Tribunal mantém condenação de estudante de Agronomia por injúria racial durante partida universitária
JUSTIÇAEra uma tarde comum de jogos universitários em maio de 2023, quando uma partida de basquete entre alunos dos cursos de Agronomia e Odontologia de uma universidade particular de Dourados, a 251 km de Campo Grande, terminou em denúncia e condenação. Durante o jogo, um estudante ofendeu o colega de time adversário com as palavras: “macaco, filho da p.”.
A briga verbal que começou em quadra terminou em julgamento. Condenado em janeiro de 2024, o aluno de Agronomia teve a pena de dois anos e oito meses de reclusão fixada em regime aberto, substituída por prestação de serviços comunitários. Além disso, ele foi condenado ao pagamento de 13 dias-multa e R$ 8 mil de indenização por danos morais.
O episódio, que reuniu alunos em um ambiente de lazer e competição esportiva, se transformou em prova de como o racismo segue presente em espaços educacionais. O Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS) manteve a condenação por unanimidade após atuação do Ministério Público do Estado (MPMS).
Segundo o boletim de ocorrência, o estudante agredido, do curso de Odontologia, tentava apartar uma confusão quando foi empurrado e ofendido pelo aluno de Agronomia. O árbitro da partida confirmou que, após ser informado sobre o ocorrido, retirou o agressor da quadra e observou que ele deixou o local com comportamento provocador.
O juiz Marcelo da Silva Cassavara, da 1ª Vara Criminal de Dourados, ressaltou na sentença que as testemunhas confirmaram o uso da expressão injuriosa. A Justiça entendeu que o fato de o crime ter ocorrido em um contexto de lazer agrava a pena, conforme previsto no artigo 20-A da Lei nº 7.716/89, que trata de discriminação em ambientes de descontração ou recreação.
Outro ponto do processo envolvia uma segunda aluna, acusada de ter repetido a ofensa em um grupo privado de rede social. Ela foi absolvida por falta de provas. Segundo a denúncia, ela teria comentado uma nota de repúdio publicada pela atlética do curso de Agronomia, mas sua participação direta no caso não ficou comprovada.