Lavínia Kaucz | 19 de novembro de 2025 - 17h30

STF adia julgamento que pode definir vínculo empregatício entre motoristas e apps

Decisão de Edson Fachin retira da pauta processo que trata da chamada "uberização" no mercado de trabalho

POLÍTICA
Edson Fachin, presidente do STF, decidiu retirar da pauta o julgamento sobre vínculo empregatício entre motoristas de aplicativo e plataformas digitais - Foto: Antonio Augusto/STF

O Supremo Tribunal Federal (STF) retirou da pauta o julgamento que poderia estabelecer jurisprudência sobre a existência de vínculo empregatício entre motoristas de aplicativo e plataformas digitais, como a Uber. A análise do tema estava prevista para o dia 3 de dezembro, mas foi excluída do calendário da Corte por decisão do presidente do STF, ministro Edson Fachin. Ainda não há nova data definida.

A decisão adia uma das discussões mais aguardadas no campo do direito do trabalho contemporâneo, marcada por tensões entre inovação tecnológica, modelos flexíveis de prestação de serviço e a proteção dos direitos trabalhistas. O julgamento tem repercussão geral reconhecida, o que significa que a decisão a ser tomada deverá orientar o entendimento do Judiciário em todo o país.

O caso que será julgado envolve um recurso apresentado pela Uber contra uma decisão da Justiça do Trabalho que reconheceu o vínculo empregatício entre um motorista e a plataforma. A sentença entendeu que a relação cumpria os requisitos previstos na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), determinando o pagamento de encargos e direitos como férias, 13º salário e FGTS.

A Uber já é alvo de aproximadamente 21 mil processos semelhantes na Justiça do Trabalho, o que demonstra a dimensão e o impacto potencial do julgamento. A decisão do STF será decisiva para o futuro das relações entre plataformas e trabalhadores no Brasil, podendo abrir caminho para a regulamentação de modelos alternativos de vínculo ou consolidar a flexibilização das formas de contratação.

Apesar de o julgamento ainda não ter data para ocorrer, o tema segue como um dos mais sensíveis no atual debate jurídico e trabalhista, tanto pela relevância econômica quanto pelos possíveis reflexos em outros setores que utilizam trabalhadores sob demanda, como entregadores, serviços de delivery e freelancers de tecnologia.

O adiamento aumenta a expectativa em torno de como o STF irá se posicionar em um tema que desafia as fronteiras entre autonomia, subordinação e inovação nas relações de trabalho.