Comércio deve movimentar R$ 5,4 bilhões na Black Friday 2025, aponta CNC
Data se consolida como a quinta mais importante do varejo; descontos e golpes também preocupam
ECONOMIAA Black Friday 2025 promete bater recorde de vendas no Brasil. A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) projeta um volume de R$ 5,4 bilhões em faturamento ao longo do mês de novembro, o maior desde que a data passou a ser monitorada. A estimativa representa um crescimento de 2,4% em relação ao ano passado, já descontada a inflação.
Apesar de seu nome remeter a um único dia, a Black Friday brasileira já se consolidou como uma temporada de promoções que se estende por semanas. “Isso é uma característica da Black Friday brasileira”, afirma o economista-chefe da CNC, Fabio Bentes.
A maior movimentação deve ocorrer em cinco segmentos principais:
Hiper e supermercados: R$ 1,32 bilhão
Eletroeletrônicos e utilidades domésticas: R$ 1,24 bilhão
Móveis e eletrodomésticos: R$ 1,15 bilhão
Vestuário, calçados e acessórios: R$ 950 milhões
Farmácias, perfumarias e cosméticos: R$ 380 milhões
Ao todo, a Black Friday é considerada hoje a quinta data mais relevante para o varejo nacional, atrás apenas do Natal, Dia das Mães, Dia das Crianças e Dia dos Pais.
O que impulsiona o consumo - Entre os fatores que favorecem esse desempenho recorde estão a valorização do real frente ao dólar, que barateia produtos importados, o recuo da inflação e a melhora dos indicadores de emprego e renda. A taxa de desemprego no país está em 5,6%, o menor índice desde o início da série histórica do IBGE, iniciada em 2002.
Mesmo com o cenário positivo, o crescimento nas vendas poderia ser ainda maior. A CNC aponta entraves como a alta taxa de juros que atualmente está em 58,3% ao ano nas operações de crédito livre para pessoas físicas e o elevado índice de endividamento das famílias. Uma pesquisa da própria CNC revela que 30,5% das famílias brasileiras estão com contas em atraso. Outro desafio é a concorrência com o comércio exterior, com muitos consumidores optando por compras em sites internacionais, atraídos por preços competitivos.
A CNC monitorou diariamente os preços de 150 itens em 30 categorias para avaliar o real potencial de desconto. Em 70% dos casos, os preços já apresentavam tendência de queda acima de 5%. As maiores reduções foram registradas em:
- Papelaria: 10,14%
- Livros: 9,02%
- Joias e bijuterias: 9,01%
- Perfumaria: 8,20%
- Utilidades domésticas: 8,18%
- Higiene pessoal: 8,11%
- Moda: 7,82%
Riscos: golpes digitais e inteligência artificial - Com o aumento do apelo comercial, também crescem os riscos de fraudes. A Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) alerta para a presença de falsos descontos, sites inseguros e perfis falsos. Um levantamento do site Reclame Aqui mostra que 63% dos consumidores não conseguem identificar golpes envolvendo inteligência artificial.
Entre os sinais de alerta estão:
- Anúncios com vozes ou vídeos de celebridades em contextos inusitados
- Perfis novos e sem histórico nas redes sociais
- Erros sutis em textos promocionais ou imagens distorcidas
- Sites que simulam atendentes humanos, mas respondem de forma genérica
Para evitar problemas, a Senacon recomenda que o consumidor verifique a reputação da loja, desconfie de preços muito baixos, confira os prazos de entrega e utilize apenas sites com segurança (https e cadeado no navegador). Compras online têm direito a arrependimento em até sete dias, com reembolso integral.