Fuvest 2026 terá lista 100% feminina; confira as obras e autoras escolhidas
Vestibular da USP mantém seleção composta apenas por escritoras até 2028; inclusão de autores homens só retorna em 2029
EDUCAÇÃOA Fuvest 2026, principal vestibular da Universidade de São Paulo (USP), terá uma lista de obras obrigatórias formada exclusivamente por mulheres. A seleção inclui nomes consagrados da literatura brasileira, africana e portuguesa, como Conceição Evaristo, Rachel de Queiroz, Lygia Fagundes Telles, Djaimilia Pereira de Almeida, Nísia Floresta e outras autoras fundamentais, muitas delas historicamente invisibilizadas.
A composição 100% feminina foi anunciada em 2023 e será mantida até 2028. Só a partir de 2029 autores homens voltam ao programa de leituras obrigatórias, como Machado de Assis, Erico Verissimo e o moçambicano Luís Bernardo Honwana.
O vestibular da USP será aplicado em 23 de novembro de 2026, em 32 cidades de São Paulo, incluindo capital, interior e litoral.
Obras obrigatórias da Fuvest 2026
1. Opúsculo Humanitário – Nísia Floresta (1810–1885)
Considerada a primeira educadora e jornalista feminista do Brasil, Nísia Floresta publicou, em 1853, ensaios que defendem a educação feminina e denunciam injustiças contra mulheres, negros escravizados e indígenas.
Em domínio público.
2. Nebulosas – Narcisa Amália (1852–1924)
Poeta e defensora da emancipação feminina, Narcisa Amália reúne, neste livro de 1872, poemas líricos e sociais que tratam de natureza, desigualdade e abolicionismo.
Em domínio público.
3. Memórias de Martha – Julia Lopes de Almeida (1862–1934)
Romance de 1899 que acompanha a trajetória de Martha, jovem que ascende socialmente por meio do magistério, enquanto enfrenta dilemas de gênero e classe no Rio de Janeiro do século 19.
Em domínio público.
4. Caminho de Pedras – Rachel de Queiroz (1910–2003)
Publicada em 1937, a obra analisa autonomia feminina e moralidade na Era Vargas. A história acompanha Noemi, casada com um ex-comunista, que enfrenta conflitos pessoais e políticos ao viver um triângulo amoroso.
5. O Cristo Cigano – Sophia de Mello Breyner Andresen (1919–2004)
Primeira mulher portuguesa a receber o Prêmio Camões, Sophia lança, em 1961, uma sequência de poemas que relaciona Cristo à marginalidade cigana, num diálogo com a obra de João Cabral de Melo Neto.
6. As Meninas – Lygia Fagundes Telles (1918–2022)
Romance de 1973 passado em um pensionato paulistano durante a ditadura militar. A obra acompanha três jovens universitárias e suas experiências com política, identidade e afetos.
7. Balada de Amor ao Vento – Paulina Chiziane
Primeira mulher moçambicana a publicar um romance, Paulina narra, neste livro de 1990, a história de Sarnau e suas relações afetivas em um contexto onde a poligamia é socialmente aceita.
8. Canção para Ninar Menino Grande – Conceição Evaristo
Publicada em 2018, a obra explora masculinidades negras, memória e dor por meio da trajetória de Fio Jasmim, personagem construído dentro do conceito de “escrevivência”.
9. A Visão das Plantas – Djaimilia Pereira de Almeida
Romance de 2019 sobre um capitão português que retorna à casa da infância e confronta memória, culpa e colonialismo em um jardim repleto de simbolismo.