Museu do Louvre terá 100 novas câmeras após roubo de joias
Museu anuncia instalação de novas câmeras e sistemas anti-intrusão depois de criminosos invadirem a Galeria Apollo em menos de oito minutos
PATRIMÔNIO EM RISCOA direção do Museu do Louvre detalhou nesta quarta-feira (19) o pacote de reforços de segurança que começou a ser implementado após o roubo das joias da coroa, ocorrido em outubro. A presidente da instituição, Laurence des Cars, informou que o museu vai instalar 100 novas câmeras de vigilância até o fim de 2026 e que os sistemas anti-intrusão começam a ser implantados já nas próximas duas semanas.
Segundo ela, os novos dispositivos têm como função impedir que intrusos cheguem perto das áreas sensíveis do museu, ampliando a proteção do entorno e das estruturas históricas. Apesar de evitar explicações técnicas, des Cars destacou que o objetivo é garantir uma “proteção completa”, reforçando pontos que se mostraram vulneráveis após o episódio do roubo.
Ao prestar esclarecimentos ao Comitê de Assuntos Culturais da Assembleia Nacional, a dirigente disse que o episódio exigiu resposta imediata. “Após o choque, após a emoção, após a avaliação, é hora de agir”, afirmou. As novas medidas fazem parte de uma lista de mais de 20 ações emergenciais, entre elas a criação do cargo de coordenador de segurança — posto anunciado neste mês e que deve assumir papel central no monitoramento das operações internas.
O esquema criminoso que atingiu o Louvre chamou atenção pela rapidez e pelo uso de equipamentos incomuns em ações desse tipo. No dia 19 de outubro, ladrões conseguiram forçar a entrada por uma janela da Galeria Apollo com auxílio de um elevador de carga. O ataque durou menos de oito minutos e resultou no furto de um conjunto avaliado em 88 milhões de euros.
Des Cars revelou novos detalhes sobre a invasão, afirmando que os ladrões usaram cortadores de disco projetados para cortar concreto, ferramenta que não havia sido considerada um risco real quando as vitrines foram trocadas em 2019. Na época, a prioridade era reforçar as estruturas contra ataques internos, especialmente com armas, e não contra ferramentas de alta potência usadas externamente.
Câmeras internas mostram que as vitrines resistiram mais do que o previsto. “As vitrines se mantiveram notavelmente bem e não se despedaçaram. Os vídeos mostram o quanto foi difícil para os ladrões”, disse a presidente do Louvre, ressaltando que a dificuldade não impediu o sucesso da ação criminosa.
A crise de segurança reacende discussões mais amplas sobre a necessidade de atualização da infraestrutura do museu. Des Cars lembrou que a renovação em curso integra o plano decenal “Louvre Nova Renascença”, apresentado no início deste ano. O projeto prevê investimentos de até 800 milhões de euros até 2031 para modernizar instalações, reduzir a superlotação e criar uma nova galeria dedicada à Mona Lisa.
Com mais de 8 milhões de visitantes apenas neste ano, o Louvre opera muito acima da capacidade projetada durante sua última grande reforma, realizada nos anos 1980. A famosa pirâmide de vidro inaugurada em 1989 foi planejada para receber cerca de 4 milhões de visitantes anuais — número hoje duplicado. Para tentar amenizar a pressão, des Cars limitou o fluxo diário a 30 mil pessoas.
“Os equipamentos que remodelaram o museu nos anos 1980 estão tecnicamente obsoletos e foram super utilizados por 40 anos”, afirmou. Como reflexo dessa fragilidade estrutural, o museu anunciou na última segunda-feira o fechamento temporário de alguns escritórios e de uma galeria pública considerados estruturalmente sensíveis.
Com o impacto global do roubo e a repercussão política na França, o museu tenta acelerar as mudanças para reduzir riscos e reforçar a confiança de visitantes e instituições que emprestam obras. O reforço das câmeras, a criação de barreiras anti-intrusão e a reorganização interna da segurança passam a ser prioridades absolutas da gestão.
Para des Cars, o que está em andamento é mais do que reação imediata. É parte de um processo de modernização urgente diante de um patrimônio que recebe milhões de turistas por ano e que opera em uma estrutura envelhecida. O roubo, embora grave, pode se somar ao impulso para tornar o Louvre mais preparado para ameaças contemporâneas.