Victor Ohana | 19 de novembro de 2025 - 12h55

Lindbergh pede à PF que apure uso de R$ 1 bi do Rioprevidência no Banco Master

Deputado quer ampliar investigação sobre prisão de Daniel Vorcaro e envolvimento de fundo do RJ

POLÍTICA NACIONAL
Lindbergh quer apuração da PF sobre aplicação de R$ 1 bi do Rioprevidência no Banco Master. - Foto: Bruno Spada / Câmara dos Deputados

O líder do PT na Câmara dos Deputados, Lindbergh Farias (RJ), protocolou uma representação na Superintendência da Polícia Federal no Rio de Janeiro solicitando a ampliação da investigação que levou à prisão do presidente do Banco Master, Daniel Vorcaro. O parlamentar quer que a PF inclua na apuração os aportes feitos pelo fundo de previdência estadual, o Rioprevidência, ao banco investigado.

Vorcaro foi preso na noite de segunda-feira, 17 de novembro, no Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP), sob suspeita de envolvimento em um esquema de emissão de títulos falsos pelo Banco Master. A prisão foi resultado de uma operação que investiga fraudes no sistema financeiro nacional.

Na representação assinada na terça-feira, 18, Lindbergh aponta que o Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ) já havia alertado, em outubro, sobre o alto volume de investimentos realizados pelo Rioprevidência no Banco Master — aproximadamente R$ 1 bilhão — mesmo após a instituição financeira apresentar sinais de crise.

Deputado quer ouvir governador e gestores do fundo - Lindbergh solicita que sejam ouvidos pela Polícia Federal o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), além de representantes do Rioprevidência e do Banco Master. O deputado argumenta que é necessário entender se houve negligência ou conluio por parte dos gestores públicos.

“Surgiram elementos adicionais que impõem a necessidade de ampliação do escopo investigativo: o Banco Master recebeu, nos últimos meses, investimentos superiores a R$ 1 bilhão do fundo Rioprevidência, responsável pela gestão das aposentadorias e pensões dos servidores públicos do Estado do Rio de Janeiro”, afirma o documento.

Segundo a representação, a decisão de aplicar recursos vultosos em uma instituição sob investigação e sem justificativas técnicas pode configurar “dano ao erário, risco aos beneficiários do sistema previdenciário e possível crime de gestão temerária ou fraudulenta”.

O texto também destaca que o TCE-RJ apontou a ausência de análise de risco adequada e a violação à política de investimentos do fundo estadual, reforçando a necessidade de uma investigação mais ampla por parte da PF.

Investigação pode revelar esquema maior - O parlamentar do PT argumenta que restringir a investigação ao núcleo original da operação pode prejudicar a identificação completa do esquema. “A manutenção da investigação restrita impediria o rastreamento dos fluxos financeiros e deixaria sem apuração a parte mais sensível do possível esquema ilícito: a utilização indevida de recursos de um fundo previdenciário público para alimentar ou ocultar práticas fraudulentas”, afirma.

Lindbergh ainda questiona se os investimentos feitos pelo fundo em uma instituição em crise foram realizados com conhecimento de riscos ou por interesse em favorecer o banco, o que, segundo ele, pode configurar corrupção administrativa ou favorecimento indevido.