Da Redação | 19 de novembro de 2025 - 10h10

'Se o varejo parar, a cidade para': presidente da FCDL/MS defende setor como motor da economia de MS

Inês Santiago celebra a criação da frente parlamentar do varejo, critica distorções tributárias e alerta para os impactos da reforma fiscal no comércio local

ECONOMIA
'Se o varejo parar, a cidade para', diz Inês Santiago ao defender setor como motor da economia em MS. - (Foto: A Crítica)

A presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas de Mato Grosso do Sul (FCDL-MS), Inês Santiago, participou na manhã desta quarta-feira (19) do Giro Estadual de Notícias, onde apresentou uma ampla análise sobre o papel do varejo na economia estadual e nacional. Durante a entrevista, ela celebrou a criação da frente parlamentar do setor na Assembleia Legislativa e defendeu uma reforma tributária que considere as particularidades dos pequenos e médios empresários.

“O comércio e os serviços representam a vida real das pessoas. É onde o desenvolvimento acontece, onde se gera emprego e se movimenta a cidade”, declarou.

O destaque do levantamento do IBGE sobre o Produto Interno Bruto de Mato Grosso do Sul em 2023 reforçou um dado relevante: o setor de serviços continua sendo o principal motor econômico do estado. Foram quase R$ 84 bilhões gerados apenas nessa área, superando em muito os números da agropecuária e da indústria.

Inês Santiago defende o varejo como motor econômico do estado e alerta para impactos da reforma tributária.

Inês contextualizou: “Na pandemia, o coronavírus não impediu que a semente germinasse nem que o gado engordasse, mas impediu que o varejo abrisse suas portas. E, quando isso aconteceu, o mundo parou. Foi quando ficou evidente o tamanho do impacto do nosso setor.”

A presidente lembrou que mais de 87% dos CNPJs ativos em Mato Grosso do Sul pertencem ao setor de comércio e serviços. “Se hoje os varejistas decidissem não abrir, Campo Grande entraria em colapso. Estamos falando de mais de 80% do PIB da capital sendo movido pelo nosso setor”, afirmou.

Frente parlamentar inédita e articulação política - Com o objetivo de dar voz ao setor, Inês Santiago liderou a articulação da Frente Parlamentar do Varejo, instalada na semana passada na Assembleia Legislativa. A iniciativa conta com o apoio de mais de 30 entidades representativas e foi formalizada com a colaboração do deputado estadual Renato Câmara.

A presidente lembrou que mais de 87% dos CNPJs ativos em Mato Grosso do Sul pertencem ao setor de comércio e serviços

“Apesar de sermos o maior gerador de riqueza e empregos do estado, não tínhamos um espaço político para debater nossas demandas. Essa frente não é de Campo Grande, é de todo Mato Grosso do Sul”, destacou.

Segundo ela, a frente será um espaço permanente de diálogo entre o setor e o poder público, mirando sempre nas soluções equilibradas e adequadas à realidade econômica e social do estado.

Ao comparar o papel do agronegócio e do varejo no desenvolvimento das cidades, Inês foi direta: “Produzir e exportar é importante, sim, para a balança comercial. Mas quem desenvolve as nossas cidades é o comércio local, a barbearia, a padaria, o supermercado da Dona Maria.”

Ela criticou o modelo econômico que não estimula a circulação de riqueza nos próprios municípios e defendeu leis que obriguem os entes públicos a comprar da economia local.

"A  frente será um espaço permanente de diálogo entre o setor e o poder público, mirando sempre nas soluções equilibradas e adequadas à realidade econômica e social do estado", afirma

“A única contribuição que a Prefeitura de Campo Grande dá para a cidade é a folha de pagamento. O resto compra tudo fora. Nós precisamos de uma legislação que valorize o que é daqui. Só assim haverá mobilidade social real”, pontuou.

Prioridades na agenda legislativa: jornada de trabalho e abertura no feriado - Inês também falou sobre pautas que já estão em debate na Frente Parlamentar do Varejo. Um dos temas centrais é o Projeto de Lei 5552/2023, que trata da abertura do comércio nos feriados, além das discussões sobre a jornada de trabalho.

Para ela, o debate sobre a jornada 6x1 ou 4x3 precisa ser feito com base na realidade econômica do país.

“Ninguém descansa com fome. Nosso trabalhador não precisa de menos horas de trabalho, ele precisa ganhar mais. E, para isso, o enfrentamento tem que ser na carga tributária, não em medidas populistas que não resolvem o problema”, argumentou.

Um dos pontos mais enfáticos foi o alerta para os efeitos da reforma tributária, prevista para entrar em vigor em janeiro de 2026. Inês criticou a forma como a proposta foi aprovada, sem debates suficientes, e alertou para o despreparo técnico de empresas e entes públicos diante da nova realidade fiscal.

“O problema maior está no crédito. Quem está no Simples Nacional não gera crédito. Isso pode ser devastador para os pequenos negócios”, disse.

Como resposta, a FCDL-MS elaborou um projeto exclusivo de suporte ao empresariado local. Trata-se de um diagnóstico personalizado da saúde financeira e tributária de cada empresa, com projeções ano a ano até 2033.

“Vamos acompanhar de perto esse período de transição, dando ao nosso empresário segurança jurídica para atravessar essa fase com clareza e estratégia. É só entrar em contato com a federação e solicitar o atendimento”, explicou. O contato direto é pelo WhatsApp: (67) 99119-7920 ou pelo fixo: (67) 3324-0000.

Finalizando, Inês defendeu a ideia de que a verdadeira transformação social ocorre com igualdade de oportunidade e valorização do trabalho.

“Não adianta tirar alguém da extrema pobreza para a pobreza com R$ 1 a mais. O que transforma é permitir que, com esforço e trabalho, essa pessoa possa ascender socialmente. Para isso, precisamos de um Estado que ofereça oportunidade real e não só discurso.”