O Senado Federal aprovou nesta terça-feira (18) um voto de censura contra o chanceler alemão Friedrich Merz, após declarações consideradas xenofóbicas e ofensivas sobre a cidade de Belém (PA), escolhida como sede da COP30, a conferência climática das Nações Unidas prevista para 2025.

A iniciativa foi proposta pelo senador Zequinha Marinho (Podemos-PA) e referendada em plenário. Em discurso durante o Congresso Alemão do Comércio, no último dia 13, Merz afirmou que jornalistas que o acompanhavam no Brasil se mostraram aliviados ao retornar à Alemanha. "Perguntei a alguns jornalistas: 'Quem de vocês gostaria de ficar aqui?' Ninguém levantou a mão", disse ele, em fala transmitida no YouTube e registrada no site oficial do governo alemão.

Para Zequinha, as falas não foram apenas "infelizes", mas desrespeitosas com a população de Belém e de toda a Amazônia. O parlamentar classificou o discurso como “paternalista” e cobrou maior compromisso das nações desenvolvidas com a preservação ambiental. "Belém está no coração da Amazônia, onde se trava a batalha mais importante contra o aquecimento global", defendeu.

Durante evento de inauguração de uma ponte no norte do país, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva também comentou a polêmica. Sem adotar o mesmo tom crítico de outros políticos, Lula respondeu com bom humor às críticas do líder alemão. “Ele deveria ter ido num boteco no Pará, deveria ter dançado no Pará, provado a culinária do Pará. Ia perceber que Berlim não oferece 10% do que Belém tem”, afirmou.

Lula ainda criticou aqueles que questionaram a escolha de Belém como sede da COP30, rebatendo queixas sobre preços de hospedagem e alimentação. “Nunca reclamaram do preço da água no aeroporto ou em shows, mas reclamaram do Pará. A COP30 vai ser no Pará para quem gostar e para quem não gostar", concluiu.

COP30: um evento estratégico para o Brasil e o mundo - Belém foi confirmada como sede da COP30 em 2023, com apoio do governo federal. A cidade será palco das negociações internacionais sobre mudanças climáticas em 2025, com expectativa de receber milhares de líderes, especialistas e ativistas ambientais de todo o mundo.

A escolha da capital paraense tem sido vista como simbólica e estratégica, por estar situada no bioma amazônico, região central nas discussões sobre clima e preservação ambiental.