Bruna Rocha e Naomi Matsui | 18 de novembro de 2025 - 21h45

Alcolumbre reage com descontentamento à escolha de Jorge Messias para o STF

Presidente do Senado preferia Rodrigo Pacheco no cargo e critica decisão de Lula; sabatina ainda não tem data

POLÍTICA
Davi Alcolumbre, presidente do Senado. - (Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado)

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), demonstrou insatisfação com a provável escolha do advogado-geral da União, Jorge Messias, para a vaga no Supremo Tribunal Federal (STF). A indicação, que deve ser formalizada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nos próximos dias, contraria o desejo de Alcolumbre, que defendia o nome do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), seu aliado político.

"Tem que esperar (a indicação), fazer o quê? Se eu pudesse, eu faria a indicação", declarou Alcolumbre a jornalistas, ao comentar as movimentações do Planalto.

Segundo apurou o jornal O Estado de S. Paulo, Lula já comunicou pessoalmente a decisão a Pacheco e reiterou que espera vê-lo como candidato ao governo de Minas Gerais em 2026. Apesar do convite, o atual presidente do Senado sinalizou que deve encerrar a carreira política ao fim do mandato.

A escolha de Jorge Messias precisa passar pela sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado e, posteriormente, ser aprovada no plenário da Casa. Lula ainda não enviou oficialmente a mensagem com a indicação, e há expectativa de que a votação possa ficar para 2026, dependendo do ritmo político no Congresso.

Alcolumbre tem histórico de resistência a indicações presidenciais. Em 2021, enquanto presidia a CCJ, segurou por mais de quatro meses a sabatina de André Mendonça, indicado por Jair Bolsonaro ao STF. Mais recentemente, também travou indicações a agências reguladoras como forma de retaliação ao ministro Alexandre Silveira (PSD-MG), rival político.

A insatisfação do senador do Amapá indica possíveis dificuldades para a tramitação da escolha de Messias. Aliado do Centrão e com influência sobre pautas estratégicas no Senado, Alcolumbre pode usar o cargo para retardar ou condicionar a sabatina, repetindo movimentos anteriores.

Apesar da resistência nos bastidores, Messias é considerado o nome preferido de Lula desde o início das discussões para a substituição da vaga aberta no STF. Ele foi o responsável pela condução jurídica de temas sensíveis no governo e conta com apoio interno no PT.

A vaga no STF foi aberta com a aposentadoria da ministra Rosa Weber, em setembro. A demora na indicação alimentou pressões políticas de diferentes alas do governo e do Congresso, com múltiplas candidaturas sendo articuladas nos bastidores.