Dólar fecha em queda leve, mas segue acima de R$ 5,30 com cautela externa
Investidores aguardam dados econômicos dos EUA e resultado da Nvidia, enquanto real mantém força entre emergentes
COTAÇÃOO dólar à vista encerrou a terça-feira (18) em leve baixa de 0,25%, cotado a R$ 5,3176. A moeda americana oscilou ao longo do dia, mas se firmou no campo negativo na reta final da sessão, favorecida pela valorização do petróleo e por um ambiente externo de menor aversão ao risco. Ainda assim, o dólar segue acima de R$ 5,30, sustentado pela cautela dos investidores diante da espera por dados econômicos relevantes dos Estados Unidos.
No mês, o dólar acumula desvalorização de 1,17% frente ao real, revertendo parte da alta de outubro (1,08%). No ano, a moeda americana recua 13,96% em relação ao real, que tem o segundo melhor desempenho entre divisas latino-americanas, atrás apenas do peso colombiano.
A volatilidade durante o pregão refletiu não apenas o cenário global, mas também fatores internos. A liquidação do Banco Master gerou certo estresse no ambiente doméstico, embora o câmbio tenha seguido mais influenciado pelas expectativas em torno das decisões do Federal Reserve (Fed), banco central dos EUA.
Analistas apontam que os investidores estão atentos à divulgação da ata do Fed nesta quarta-feira (19), bem como ao relatório de emprego (payroll) de setembro, que será publicado na quinta-feira (20). Esses dados devem ajudar a calibrar as apostas sobre a próxima reunião de política monetária do Fed, marcada para dezembro.
Jonathan Joo Lee, head da mesa de câmbio da Mirae Asset Brasil, explica que a expectativa em torno de uma possível bolha no setor de inteligência artificial e os resultados da Nvidia aumentaram a aversão ao risco e provocaram picos de alta do dólar entre o fim da manhã e o início da tarde. “A crescente preocupação com uma possível bolha no setor de inteligência artificial ampliou a volatilidade das bolsas americanas e elevou a aversão ao risco, o que se refletiu em picos de alta do dólar entre 11h45 e 13h”, afirmou.
Outro fator relevante foram os dados da ADP, que indicaram uma média de perda de 2.500 empregos no setor privado dos EUA nas quatro semanas encerradas em 1º de novembro. A divulgação reforçou a visão de que o mercado de trabalho americano pode estar enfraquecendo, o que, em tese, favoreceria um corte de juros pelo Fed.
Ainda assim, há divergências entre os dirigentes da instituição. Tom Barkin, presidente do Fed de Richmond, afirmou nesta terça-feira que há pressões tanto pelo lado da inflação, que segue acima da meta de 2%, quanto pela desaceleração do mercado de trabalho. Ele disse esperar ansiosamente pelos indicadores represados para embasar a decisão de dezembro.
Segundo Guilherme Marques, diretor global da Hedgepoint, o Fed deve adotar uma postura mais prudente nas próximas semanas. “Tivemos o shutdown mais longo da história dos Estados Unidos, com 43 dias de paralisação. O Fed vai começar apenas agora a ter dados represados de emprego e preços. A tendência é que tenha uma postura mais cautelosa”, avaliou.
O índice DXY, que mede o desempenho do dólar frente a seis moedas fortes, ficou próximo da estabilidade no fim do dia, ao redor de 99,555 pontos.
Entre os pares do real, o peso colombiano se destacou com alta próxima a 1%, enquanto o peso chileno devolveu os ganhos da véspera, em reação ao resultado do primeiro turno da eleição presidencial no Chile.