Câmara aprova projeto que obriga divulgação de arquivos do caso Jeffrey Epstein
Texto recebeu apoio quase unânime e agora segue para o Senado; medida pressiona Departamento de Justiça a abrir dados sigilosos
EUAA Câmara dos Representantes dos Estados Unidos aprovou, nesta terça-feira (18), por 427 votos a 1, o projeto de lei que determina a divulgação de todos os arquivos relacionados à investigação do caso Jeffrey Epstein. A proposta, que agora será analisada pelo Senado, representa um avanço significativo em meio à crescente pressão por transparência sobre um dos episódios mais controversos da política e da Justiça norte-americanas.
O único voto contrário foi do deputado republicano Clay Higgins, da Louisiana. Mesmo com resistência inicial do ex-presidente Donald Trump e de aliados republicanos, que consideravam o assunto uma “farsa”, o projeto ganhou força após articulação bipartidária e apoio público crescente. Trump, que antes tentava barrar a votação, mudou o tom e declarou que, se o texto passar pelas duas casas do Congresso, ele irá sancioná-lo. “Deixem o Senado analisá-lo”, afirmou.
A proposta obriga o Departamento de Justiça a divulgar, no prazo máximo de 30 dias, todos os documentos e comunicações relacionados ao caso Epstein, incluindo informações sobre a investigação de sua morte — classificada como suicídio — em uma prisão federal de Nova York em 2019. Epstein aguardava julgamento sob acusações de abuso sexual e tráfico de menores, e sua morte gerou uma série de teorias e questionamentos sobre possíveis omissões ou encobrimentos.
Nos últimos meses, uma investigação independente conduzida pelo Comitê de Supervisão da Câmara já havia tornado públicos milhares de e-mails e documentos pertencentes ao espólio do financista. Esses registros revelaram conexões de Epstein com figuras poderosas do meio político, empresarial e até mesmo com o próprio Trump.
Apesar da pressão, o líder da maioria no Senado, John Thune (Partido Republicano, Dakota do Sul), demonstrou cautela em relação ao projeto. Ele afirmou confiar no Departamento de Justiça para divulgar as informações necessárias, mas não indicou se o Senado colocará a proposta em votação.
Se aprovado, o texto exigirá do governo federal um esforço inédito de transparência, abrindo à sociedade norte-americana detalhes ainda não revelados sobre o caso que abalou instituições e expôs as relações perigosas entre poder e impunidade.