O corpo do cantor e compositor Jards Macalé está sendo velado nesta terça-feira (18), no Palácio Gustavo Capanema, no centro do Rio de Janeiro. O público pode se despedir do artista das 10h às 15h, na Sala Sidney Muller. O sepultamento está marcado para as 16h, no Cemitério São João Batista, em Botafogo, na zona sul da capital fluminense.

Macalé morreu na segunda-feira (17), aos 82 anos, após sofrer uma parada cardíaca. Ele estava internado devido a complicações relacionadas a um enfisema pulmonar. A informação foi divulgada pela equipe do artista em suas redes sociais. Em nota, destacaram seu humor e espírito até o fim: “Chegou a acordar de uma cirurgia cantando Meu Nome é Gal. [...] Nessa soma de todas as coisas, o que sobra é a arte.”

Jards Macalé foi um dos nomes mais inquietos e inovadores da música brasileira. Atuou como compositor, violonista, diretor musical, ator e ativista cultural. Nos anos 1960, aprofundou-se nos estudos musicais e iniciou uma trajetória marcada por rupturas estéticas e parcerias com expoentes da música e da poesia.

Um dos momentos mais marcantes de sua carreira foi a direção musical e participação como violonista no álbum Transa (1972), de Caetano Veloso, gravado em Londres durante o exílio do cantor. Na mesma época, suas composições Vapor Barato, Mal Secreto e Hotel das Estrelas ganharam projeção nacional com a interpretação de Gal Costa no histórico show Fa-tal.

Ao longo da carreira, Macalé lançou 13 discos. Entre eles, Jards Macalé (1972), seu álbum de estreia solo, e Coração Bifurcado (2023), que contou com colaborações de Maria Bethânia e Ná Ozzetti. Seu último trabalho de estúdio, Mascarada: Zé Keti (2024), foi reconhecido pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) como um dos 50 melhores discos do ano.

Intelectual e defensor da liberdade - Muito além da música, Jards Macalé também se destacou por sua atuação no campo cultural e político. Esteve ao lado de poetas como Waly Salomão e Capinam, com quem construiu parcerias artísticas, e foi voz ativa na defesa da liberdade artística e dos direitos civis, especialmente durante a ditadura militar.