Caio Possati | 18 de novembro de 2025 - 13h35

Laudo aponta ácido em garrafas de água servidas em UPA

Polícia Civil investiga suspeita de contaminação após homem ser hospitalizado; garrafas apresentaram pH entre 0 e 1

SAÚDE PÚBLICA
Garrafas de água contaminadas foram apreendidas na UPA de Garça após paciente relatar sintomas e ser hospitalizado - Foto: Polícia Civil de Garça/reprodução

A Polícia Civil de São Paulo investiga a suspeita de contaminação de garrafas de água mineral da marca Mineratta após a hospitalização de um homem no município de Garça, interior do Estado. De acordo com laudo preliminar do Instituto de Criminalística da Polícia Técnico-Científica, duas garrafas recolhidas na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da cidade continham líquido com características de ácido forte.

Segundo o documento, as amostras apresentavam coloração levemente amarelada, formação de bolhas ao serem agitadas e odor ácido. Testes de pH realizados com fitas indicaram índice entre 0 e 1, o que, segundo os peritos, caracteriza a presença de substância com alto grau de acidez.

“Foi realizado teste de pH com uso de fitas teste, obtendo-se o mesmo valor de pH para ambas, entre 0 e 1, indicando que se trata de um ácido forte”, aponta o laudo.

Contaminação ainda é investigada - O caso veio à tona em outubro, quando um homem precisou de atendimento emergencial na UPA de Garça após ingerir água da marca Mineratta. Ele foi medicado e recebeu alta. A suspeita inicial de contaminação levou a Prefeitura de Garça a emitir um alerta à população para que evitasse o consumo da água até que o caso fosse esclarecido.

A Polícia Civil informou que, embora o laudo indique sinais consistentes com substância ácida, os resultados são preliminares. Uma análise química complementar será realizada para identificar a composição exata do líquido.

A empresa Mineratta, responsável pelo envase da água, foi procurada, mas ainda não se manifestou publicamente sobre o caso.

Além das duas garrafas apreendidas na UPA, outras 117 unidades da mesma marca e lote foram recolhidas pela Polícia Civil em distribuidoras da cidade e também na própria empresa. Nenhuma dessas outras amostras apresentou anormalidades, o que, segundo a investigação, indica que a contaminação pode ter ocorrido localmente.

“As demais amostras do mesmo lote, coletadas em distribuidoras e na empresa, estavam íntegras e sem qualquer anormalidade, afastando indício de falha na produção”, afirmou a Polícia Civil em nota.

Distribuidora acompanha o caso - A DBG – Distribuidora de Bebidas Garça, responsável pela distribuição da marca Mineratta na região, também se pronunciou. Em comunicado, declarou que acompanha as investigações e reafirmou a confiança nos protocolos de segurança adotados pela empresa fabricante.

“Reforçamos que a empresa envasadora responsável segue rigorosos padrões de controle de qualidade, cumprindo integralmente as normas e protocolos exigidos pela legislação vigente”, disse a distribuidora.

Procurada novamente, a Prefeitura de Garça não retornou até a publicação desta reportagem. Em nota anterior, o secretário de Saúde do município, Pedro Scartezini, confirmou a contaminação inicial e recomendou que a população suspendesse o consumo da marca até nova orientação.

O caso segue sendo investigado como potencial crime de contaminação dolosa ou acidental, e novas perícias devem esclarecer se houve manipulação proposital das embalagens após o envase.