Inflação projetada para 2025 cai e fica abaixo do teto da meta, aponta Focus
Pela primeira vez em quase um ano, IPCA estimado para 2025 recua para 4,46% e sinaliza alívio nas expectativas do mercado
ECONOMIAO relatório Focus divulgado nesta segunda-feira (17) pelo Banco Central indica que a mediana das projeções para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de 2025 caiu de 4,55% para 4,46%, ficando abaixo do teto da meta de inflação pela primeira vez desde dezembro de 2024.
A queda nas expectativas sinaliza uma melhora na confiança dos agentes econômicos em relação ao controle da inflação no médio prazo, após meses de pressão e incertezas. Há quatro semanas, o indicador era ainda mais elevado, com estimativa de 4,70%.
Teto da meta é de 4,5% - A meta de inflação estabelecida para o país é contínua e baseada no IPCA acumulado em 12 meses. O centro da meta é de 3%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, ou seja, um teto de 4,5%. Se a inflação ultrapassar esse limite por seis meses consecutivos, o Banco Central é obrigado a justificar oficialmente o descumprimento — o que já ocorreu em julho deste ano.
Na última comunicação do Comitê de Política Monetária (Copom), o BC informou que espera uma inflação de 4,6% em 2025 e de 3,6% em 2026. Para o horizonte relevante, que se encerra no segundo trimestre de 2027, a projeção de inflação acumulada em 12 meses é de 3,3%.
Expectativas para 2026 e anos seguintes - O Focus também apontou estabilidade nas projeções para 2026, com o IPCA permanecendo em 4,20%. Há um mês, essa estimativa era de 4,27%. Quando consideradas apenas as 80 previsões mais recentes — atualizadas nos últimos cinco dias úteis —, a mediana para 2026 recuou levemente de 4,20% para 4,19%.
Para os anos seguintes, as expectativas seguem em níveis mais próximos do centro da meta: 3,80% para 2027 e 3,50% para 2028, sem alterações em relação ao boletim anterior.
Selic segue em 15% - O cenário de estabilidade nas expectativas de inflação é acompanhado pela manutenção da taxa básica de juros (Selic) em 15% ao ano. O Copom decidiu manter a taxa pela terceira vez consecutiva, reforçando o discurso de que a política monetária atual é suficientemente restritiva para garantir a convergência da inflação à meta.
Na ata da última reunião, o comitê afirmou que "a estratégia de manutenção do nível corrente da taxa de juros por período bastante prolongado é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta". Ainda assim, manteve o tom de cautela ao repetir que “não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso julgue apropriado”.
Mercado mais confiante, mas com cautela - A trajetória de recuo nas projeções do IPCA reforça a percepção de que a autoridade monetária está no caminho correto, embora o cenário siga exigindo vigilância diante de fatores externos e internos que ainda podem pressionar os preços.
O recuo da mediana para 2025, mesmo que sutil, é simbólico. Ele interrompe um ciclo de quase um ano com expectativas inflacionárias acima da faixa de tolerância e pode influenciar positivamente as próximas decisões de política monetária.