Célia Froufe | 17 de novembro de 2025 - 14h45

Renan Filho se alinha a Haddad na pauta fiscal e defende equilíbrio com investimento social

Ministro dos Transportes diz que governo Lula enfrenta desafio fiscal com responsabilidade e destaca avanços estruturais

ENTREVISTA POLÍTICA
Ministro Renan Filho fala sobre responsabilidade fiscal e mobilidade sustentável em entrevista à Band - Foto: Valter Campanato / Agência Brasil

O ministro dos Transportes, Renan Filho, afirmou neste domingo (16) que tem uma visão fiscal semelhante à do colega Fernando Haddad, ministro da Fazenda, dentro do espectro de opiniões que compõem o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Durante participação no programa Canal Livre, da TV Band, ele se posicionou favorável à responsabilidade fiscal, mas sem abrir mão dos investimentos sociais e em infraestrutura.

"Eu tenho uma visão mais próxima, se formos colocar o governo numa régua, do pensamento do ministro Fernando Haddad", afirmou o ministro, ao destacar sua percepção sobre o equilíbrio necessário entre controle de gastos públicos e investimentos em áreas estratégicas.

Reforma tributária como conquista importante - Renan destacou que o governo Lula vem enfrentando os desafios fiscais com altivez, mesmo que nem sempre da forma como o mercado financeiro gostaria. Para ele, a atual gestão já promoveu reformas relevantes no campo fiscal e tributário. “Fez uma reforma tributária, uma reforma do Imposto de Renda agora muito relevante. Essas reformas foram muito importantes. Do ponto de vista fiscal, eu defendo o equilíbrio fiscal”, pontuou.

Apesar das dificuldades, o ministro ressaltou que o novo marco fiscal, apresentado pela equipe econômica, representa um avanço. “Pode ser melhorado, certamente pode, mas é uma sinalização clara de compromisso com as contas públicas”, reforçou.

Renan também criticou a atuação do governo anterior, comandado por Jair Bolsonaro, que, segundo ele, teria sido menos comprometido com a responsabilidade fiscal de longo prazo.

Ao ser questionado sobre sustentabilidade e os desafios da mobilidade no Brasil, Renan Filho defendeu que o país avance na adoção de tecnologias limpas, mas sem descartar os ganhos históricos com os biocombustíveis.

“O Brasil é um grande exemplo no uso de biocombustíveis e dá o exemplo ao mundo”, afirmou, destacando o papel do etanol na matriz energética nacional. “A gente também está fazendo uma transição para o elétrico, não tão rápida quanto os ricos, porque o povo deles pode comprar carro elétrico mais do que o nosso. Só por esse motivo”, disse.

A fala do ministro reforça o discurso do governo de que a transição energética no Brasil deve respeitar a realidade social e econômica do país, sem imposições externas que desconsiderem as conquistas já alcançadas no uso de energias renováveis.

Petróleo na Margem Equatorial: "Tem que estudar" - Sobre a polêmica em torno da exploração de petróleo na chamada Margem Equatorial, Renan Filho adotou uma postura favorável à realização de estudos. “Se tiver pouco petróleo, deixa lá. Agora, se tiver muito petróleo, pode um país como o Brasil abrir mão de uma riqueza dessa natureza?”, questionou, sugerindo que a decisão sobre exploração deve ser tomada com base em dados técnicos e na viabilidade econômica da operação.

O ministro frisou que é possível compatibilizar crescimento econômico com responsabilidade ambiental, e que o Brasil precisa avaliar de forma pragmática os recursos que possui, especialmente em um cenário de transição energética global.