Indígena e funcionário rural morrem após conflito em área retomada em MS
Sejusp afirma que forças estaduais deram suporte às autoridades federais após ataque que deixou dois mortos e dois feridos na comunidade Pyelito Kue
IGUATEMIA madrugada deste domingo (16) foi marcada por um grave conflito na comunidade indígena Pyelito Kue, em Iguatemi, a 460 km de Campo Grande.
O episódio resultou na morte de um indígena da etnia Guarani Kaiowá e de um funcionário de uma propriedade rural, além de deixar outras duas pessoas feridas.
Segundo nota divulgada pela Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) nesta tarde, as forças estaduais atuaram apenas em apoio às equipes federais durante o atendimento da ocorrência. A pasta informou que um indígena suspeito de participação no crime, também ferido durante o confronto, foi detido pela Polícia Militar e encaminhado à Polícia Federal. A Sejusp destacou ainda que, por decisão judicial, a PM não estava responsável pela segurança ostensiva na área.
Paralelamente, o Ministério dos Povos Indígenas (MPI) manifestou pesar pela morte do indígena Guarani Kaiowá, identificado como Vicente Fernandes. De acordo com o órgão, ele foi atingido por um tiro na nuca durante ataque atribuído a pistoleiros, durante a retomada territorial iniciado dias antes pela comunidade. A região, onde está sobreposta a Fazenda Cachoeira, teria sido alvo de agressões por três madrugadas consecutivas, com uso de fogo, balas letais e de borracha, segundo relato do MPI.
O Ministério informou que equipes do Departamento de Mediação e Conciliação de Conflitos Fundiários (DEMED), em conjunto com a Funai, estão na área, acompanhando as ações e cobrando atuação integrada dos órgãos de segurança pública. O MPI reforçou a necessidade de investigação rigorosa e afirmou que grupos armados têm atuado na região, colocando em risco a vida dos indígenas.
Nos últimos meses, retomadas promovidas pelos Guarani Kaiowá no sul do Estado se intensificaram, motivadas, segundo o MPI, pela tentativa de conter o uso de agrotóxicos que estaria provocando adoecimento e insegurança alimentar e hídrica nas aldeias. O Ministério também mencionou a criação de um Grupo de Trabalho Técnico entre pastas federais para buscar soluções e mediar conflitos fundiários na região.
As investigações seguem conduzidas pela Polícia Federal.