Weslley Galzo | 16 de novembro de 2025 - 19h40

Governo Lula gastou R$ 345 mil para trazer ex-primeira-dama do Peru ao Brasil

Nadine Heredia, condenada por corrupção, recebeu asilo diplomático e foi transportada por avião da FAB

POLÍTICA
A ex-primeira-dama do Peru Nadine Heredia. - (Foto: Luis Iparraguirre/Presidência Do Peru)

O governo brasileiro desembolsou R$ 345 mil na operação que trouxe a ex-primeira-dama do Peru, Nadine Heredia, ao Brasil para fins de asilo diplomático. Condenada a 15 anos de prisão por corrupção, em um processo vinculado à Operação Lava Jato, Heredia chegou a Brasília em abril deste ano a bordo de uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB), enviada a pedido direto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Os custos da missão incluíram R$ 318 mil em logística (combustível, manutenção e horas de voo), R$ 19 mil em taxas aeroportuárias e R$ 7,5 mil com diárias da tripulação. A informação foi obtida por meio de um requerimento do deputado federal Marcelo Van Hattem (Novo-RS) ao Ministério da Defesa.

O jato E-135 Shuttle (VC-99C) partiu da Base Aérea de Brasília com destino a Lima, no Peru, realizando escalas técnicas em Curitiba. A operação não contou com estimativa prévia de custos, conforme relatado pela FAB ao parlamentar.

A decisão de buscar Nadine foi formalizada por ofício presidencial, datado de 15 de abril, enviado via Ministério das Relações Exteriores. A concessão do asilo diplomático foi feita em coordenação com o governo peruano, que também emitiu um salvo-conduto autorizando a saída da ex-primeira-dama.

Nadine Heredia é casada com o ex-presidente do Peru Ollanta Humala, igualmente condenado a 15 anos por corrupção e lavagem de dinheiro. Ao contrário da esposa, Humala foi preso imediatamente após audiência judicial. Nadine, por sua vez, não compareceu ao tribunal. Em vez disso, buscou abrigo na Embaixada do Brasil em Lima, levando consigo o filho, Samir Mallko Ollanta Humala Heredia.

O pedido de asilo foi protocolado logo após a sentença. Heredia e o marido são acusados pelo Ministério Público peruano de terem recebido dinheiro de maneira ilegal da construtora Odebrecht, hoje chamada Novonor, que atuava em grandes projetos de infraestrutura no país. Também são suspeitos de receber recursos da Venezuela durante o governo de Hugo Chávez, destinados a campanhas eleitorais.

O uso de recursos públicos e de estrutura da FAB para atender uma condenada por corrupção em outro país gerou críticas por parte de setores da oposição. Para Marcelo Van Hattem, a medida expõe o governo a questionamentos sobre sua política externa e o uso da máquina pública.

Até o momento, o Palácio do Planalto não comentou oficialmente os custos ou os critérios adotados para o asilo diplomático concedido a Heredia.