O Brasil conquistou neste domingo (16) um feito inédito no motociclismo mundial. Diogo Moreira, de 21 anos, tornou-se o primeiro piloto brasileiro campeão da motovelocidade, ao garantir o título da Moto2 na última etapa da temporada, disputada no circuito Ricardo Tormo, em Valência, na Espanha.

Moreira precisava apenas terminar entre os 14 primeiros para levar o título. Optando por uma pilotagem segura, o brasileiro cruzou a linha de chegada em 11º lugar e confirmou a conquista com 286 pontos — 29 a mais que o espanhol Manuel González, seu único adversário na disputa pelo campeonato.

Virada histórica coroou temporada consistente - O título não veio por acaso. Após o Grande Prêmio da França, Moreira chegou a estar 61 pontos atrás do líder. Com uma sequência de boas performances, incluindo quatro vitórias, protagonizou a maior recuperação já registrada na história da Moto2.

A estratégia para a corrida decisiva foi de cautela. Com o título ao alcance, o piloto da Italtrans preferiu evitar riscos e se manteve distante das disputas intensas que marcaram a prova. Ainda assim, teve fôlego para ultrapassar González nas voltas finais, selando sua vitória simbólica na temporada.

"Não tenho palavras para descrever o que estou sentindo", afirmou Moreira ao final da prova. "Só tenho de agradecer a todos tanto por este ano quanto pelo ano passado, aproveitar o momento e pensar no ano que vem."

O espanhol González, por sua vez, tentou pressionar, mas após erro na curva, perdeu posições e, já com problemas no pneu, abandonou a corrida a poucas voltas do fim, deixando o caminho livre para o brasileiro.

Primeiro brasileiro campeão e retorno à MotoGP - Natural de Guarulhos (SP), Diogo Moreira começou a carreira profissional em 2019, competindo na Talent Cup do Campeonato Espanhol. Em 2026, ele dará um novo passo ao estrear na MotoGP, categoria máxima da motovelocidade, como piloto da Honda LCR Team ao lado do francês Johann Zarco.

Com isso, o Brasil volta a ter um representante na elite do motociclismo internacional após 19 anos — o último foi Alexandre Barros, que deixou a MotoGP em 2007.

Comemoração com a cara do Brasil - A consagração de Moreira teve celebração à altura. Após cruzar a linha de chegada, ele carregou a bandeira brasileira, vestiu uma camisa amarela inspirada na seleção de futebol e ainda fez embaixadinhas com uma bola. O gesto simbolizou não só a conquista, mas também a identidade nacional que o piloto leva às pistas.

Domínio espanhol na prova final - Apesar de não levar o título, a corrida final da temporada teve pódio totalmente espanhol. Izan Guevara venceu após duelo com Daniel Holgado, e Iván Ortola completou a terceira colocação. A vitória, no entanto, não ofuscou a grande história escrita por Diogo Moreira.