Marcha popular em Belém cobra fim dos fósseis e protagonismo indígena na COP-30
Ato organizado pela Cúpula dos Povos reúne milhares em protesto contra exploração na Amazônia e por justiça climática
COP-30Milhares de manifestantes ocuparam as ruas de Belém na manhã deste sábado (15) em um dos momentos mais expressivos da COP-30 até agora. A marcha, organizada pela Cúpula dos Povos, reuniu movimentos sociais, lideranças indígenas, ambientalistas e representantes de comunidades tradicionais com uma pauta centrada na justiça climática.
O ato saiu do Mercado de São Brás, um dos pontos turísticos da capital paraense, e seguiu até a Aldeia Cabana. No trajeto, cartazes, cantos e discursos denunciaram o avanço da mineração, a exploração de petróleo na Amazônia e exigiram o fim do uso de combustíveis fósseis.
A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, e a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, participaram da marcha e abriram o ato com discursos em cima de caminhões de som.
Marina destacou que o Brasil é o único país com um plano concreto rumo ao desmatamento zero e que a transição energética passa pelo enfrentamento ao uso de fósseis. “Temos um mapa do caminho para abandonar os combustíveis fósseis”, afirmou, citando ainda a queda de 50% no desmatamento da Amazônia.
Sônia Guajajara, por sua vez, afirmou que o centro da luta climática está nas ruas. “A Zona Azul da ONU é aqui”, disse, em referência à área restrita da conferência, palco de protestos nos últimos dias. Guajajara tem defendido que as vozes dos povos originários ocupem protagonismo na definição das políticas climáticas.
Participaram da marcha movimentos como o MST, comunidades extrativistas, quilombolas e a Caravana da Resposta, que trouxe indígenas de diferentes regiões do Brasil. Também estiveram presentes lideranças indígenas de fora do país.
George Auankaroe, da Associação de Líderes Indígenas do Suriname, chamou atenção para a importância da COP-30 como espaço de articulação global. “É uma oportunidade para levarmos nossa voz aos líderes do mundo”, afirmou.
A presença internacional incluiu ainda a ativista argentina Anabella Rosemberg, da Climate Action Network. Ela criticou duramente o governo argentino por bloquear negociações climáticas. “A Argentina se tornou uma barreira para a justiça climática. É difícil suportar essa representação”, disse.