PF apreende R$ 720 mil, dólares, joias e prende ex-presidente do INSS em operação contra fraudes
Quarta fase da Operação Sem Desconto mira esquema bilionário de desvios de aposentadorias; 43 veículos e 106 joias foram apreendidos
OPERAÇÃO SEM DESCONTOA Polícia Federal deflagrou, nesta quinta-feira (13), a quarta fase da Operação Sem Desconto, que investiga um amplo esquema de fraudes bilionárias envolvendo concessões irregulares de aposentadorias no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A ofensiva resultou na apreensão de quantias milionárias em espécie, veículos de luxo, joias, armas, eletrônicos e na prisão de diversos ex-dirigentes da autarquia.
Entre os presos está Alessandro Stefanutto, ex-presidente do INSS, que assumiu o cargo em julho de 2023, no atual governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A defesa de Stefanutto classificou a prisão como "ilegal" e afirmou que ele "colabora desde o início com as investigações".
De acordo com a PF, os alvos da operação permitiram — por meio de facilitação ou omissão — que fraudes estruturadas ocorressem em larga escala, gerando prejuízos bilionários aos cofres públicos. A ação tem como foco tanto beneficiários quanto servidores públicos e ex-dirigentes do instituto, além de empresários e operadores envolvidos com entidades de fachada e organizações criminosas.
A PF divulgou o resultado da 4ª fase, que impressiona pelos valores e itens de luxo apreendidos:
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R$ 720 mil em espécie
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US$ 72 mil (dólares americanos)
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23 relógios de luxo
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106 peças de joias
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43 veículos
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57 celulares
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8 armas e 314 munições
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5 CPUs, 21 notebooks, 2 smartwatches, 4 tablets
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7 HDs e 8 pen drives
Além de Stefanutto, a PF também determinou o uso de tornozeleira eletrônica para José Carlos Oliveira, ex-ministro do Trabalho e Previdência e também ex-presidente do INSS no governo Bolsonaro.
Outros nomes de peso presos na operação incluem:
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André Fidelis, ex-diretor de Benefícios
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Virgílio Antônio, ex-procurador-geral do INSS, e sua esposa Thaísa Hoffmann, médica que recebeu R$ 5 milhões de empresas ligadas ao lobista conhecido como “Careca do INSS”
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Cícero Marcelino, Tiago Abraão Ferreira Lopes e Samuel Chrisostomo do Bomfim Júnior, ligados à Conafer (Confederação Nacional de Agricultores Familiares)
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Vinícius Ramos da Cruz, presidente do Instituto Terra e Trabalho
A médica Thaísa Hoffmann prestou esclarecimentos à CPI, alegando que os valores recebidos foram referentes a pareceres técnicos médicos. O nome do lobista Antônio Camilo, conhecido como “Careca do INSS”, aparece no centro das investigações.
No momento em que André Fidelis era preso, seu filho, o advogado Eric Fidelis, prestava depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga irregularidades na Previdência Social. O cruzamento das ações judiciais com as apurações parlamentares tem aprofundado o cerco aos responsáveis pelo esquema.
A investigação prossegue, com expectativa de novas fases e desdobramentos nos próximos meses.