O Ministério Público denunciou, nesta quinta-feira (14), o juiz aposentado Fernando Augusto Fontes Rodrigues Júnior, de 61 anos, e Carolina Silva de Almeida por homicídio doloso — quando se assume o risco de causar a morte. Eles são acusados pelo atropelamento que matou a ciclista Thais Bonatti, de 30 anos, em 24 de julho, em Araçatuba, interior de São Paulo.

Thais seguia de bicicleta para o trabalho quando foi atingida pela caminhonete conduzida pelo magistrado aposentado. Ela ficou dois dias internada na UTI, mas não resistiu. As defesas dos acusados não foram localizadas.

Até então, ambos haviam sido indiciados pela Polícia Civil por homicídio culposo, sem intenção de matar. A denúncia foi apresentada pelo promotor Adelmo Pinho, que sustenta que o réu dirigia embriagado, após ingerir bebidas alcoólicas por cerca de dez horas em uma boate.

MP diz que juiz assumiu risco de matar - Segundo o Ministério Público, o magistrado também tomou os medicamentos Revoc e Carbolitium, que potencializam os efeitos do álcool. O documento aponta que ele tinha plena consciência do risco que representava ao assumir o volante.

“O denunciado agiu de modo consciente desde que saiu da boate, de que poderia gerar danos a terceiros, a si e à denunciada”, afirma a peça.

A denúncia relata ainda que, instantes antes do atropelamento, o juiz parou a caminhonete e a acompanhante, semidespida, sentou no colo dele. O veículo voltou a andar em seguida e, poucos metros depois, atingiu a ciclista.

Além da mudança na tipificação, o MP pede que o caso seja julgado pelo Tribunal do Júri. A promotoria solicita que Fernando Augusto pague ao menos R$ 500 mil em indenizações por danos materiais e morais aos familiares de Thais. Para Carolina, a solicitação é de R$ 50 mil.

“Ambos assumiram o risco do resultado causado, com menosprezo à vida alheia e ao pudor esperado numa sociedade civilizada”, diz a denúncia.

Agora, cabe ao Judiciário decidir se a acusação será aceita.

Em nota, o advogado Maycon Mazziero, que representa a família de Thais, afirmou estar confiante na continuidade do processo.

“A defesa da família manifesta integral concordância com os termos da denúncia e permanece confiante de que os acusados serão pronunciados, para que a sociedade de Araçatuba, por meio do Tribunal do Júri, decida com justiça o destino deste processo que comoveu o país.”