MP apura descarte irregular de embalagens de agrotóxicos em fazenda de Chapadão do Sul
Fiscalização da Iagro encontrou embalagens a céu aberto, sem tríplice lavagem e em desacordo com normas ambientais.
MEIO AMBIENTEO Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS), por meio da 2ª Promotoria de Justiça de Chapadão do Sul, instaurou um Inquérito Civil para investigar o descarte irregular de embalagens vazias de agrotóxicos em uma fazenda do município. A apuração foi aberta após fiscalização da Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro), que encontrou diversas embalagens expostas diretamente ao solo, sem proteção e em condições contrárias às normas ambientais.
Segundo o Auto de Infração e o Relatório de Fiscalização, elaborados em maio de 2025, as embalagens estavam espalhadas entre árvores e armazenadas em big bags, algumas ainda com resíduos de produto. Os fiscais também constataram ausência da tríplice lavagem e falta de estrutura adequada para guardar esse tipo de material.
Normas descumpridas e possíveis crimes - A legislação brasileira determina que embalagens de defensivos agrícolas devem ser armazenadas em local coberto, com piso impermeável, ou devolvidas ao comércio no prazo máximo de um ano após a compra, conforme o Decreto Federal nº 4.074/2002 e a Lei nº 14.785/2023.
O promotor de Justiça Thiago Barile Galvão de França destacou que, além da infração administrativa, a conduta pode configurar crime ambiental. O artigo 57 da Lei nº 14.785/2023 prevê pena de reclusão de dois a quatro anos e multa para quem der destinação inadequada a embalagens ou resíduos de agrotóxicos.
O produtor foi autuado, notificado a apresentar defesa à Iagro e poderá firmar um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o MPMS para regularizar a situação.
O relatório também mostrou que a propriedade:
não possui depósito adequado para armazenar embalagens vazias;
não realiza a tríplice lavagem;
apresenta recibos de devoluções anteriores, mas a última ocorreu apenas em abril de 2025.
Como medida imediata, a Iagro determinou que o produtor construa um espaço apropriado para armazenamento até novembro deste ano. O MPMS reforça que o descarte inadequado de embalagens de agrotóxicos pode contaminar o solo, a água e afetar a biodiversidade, trazendo riscos à saúde pública e ao equilíbrio ambiental. A atuação do órgão busca garantir o cumprimento da legislação e evitar danos irreversíveis, assegurando a função social da propriedade rural.