Tuberculose matou 1,2 milhão em 2024, aponta OMS
Relatório mostra avanço lento no combate à doença e alerta para falta de financiamento mundial
SAÚDEOrganização Mundial da Saúde (OMS) divulgou nesta quarta-feira (12) que a tuberculose continua entre as doenças infecciosas mais letais do mundo. Em 2024, foram registrados 10,7 milhões de novos casos e mais de 1,2 milhão de mortes.
Segundo o relatório, 87% das novas infecções ocorreram em 30 países, concentrados em oito nações que lideram as estatísticas: Índia, Indonésia, Filipinas, China, Paquistão, Nigéria, República Democrática do Congo e Bangladesh.
A tuberculose é transmitida pelo ar e atinge principalmente os pulmões. Entre os sintomas mais comuns estão tosse persistente, cansaço intenso e perda de peso. Em casos graves, pode causar insuficiência respiratória.
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, classificou como “inadmissível” o número de mortes por uma doença prevenível e tratável, reforçando a meta de eliminação até 2030.
Entre 2015 e 2024, a África reduziu a incidência em 28% e as mortes em 46%. A Europa registrou quedas de 39% e 49%, respectivamente. Apesar disso, o recuo global entre 2023 e 2024 foi discreto: 2% nos novos casos e 3% nas mortes.
O tratamento salvou 83 milhões de vidas desde 2000, segundo a OMS. Em 2024, 8,3 milhões iniciaram tratamento e 5,3 milhões receberam terapia preventiva.
Fatores de risco e desigualdades
O relatório aponta fatores que ampliam a transmissão, como desnutrição, HIV, diabetes, tabagismo, consumo de álcool e condições de pobreza.
No Brasil, foram registrados 84.308 novos casos no último ano. Estudo da Fiocruz indica que 40% das infecções têm origem em transmissões iniciadas no sistema prisional.
Falta de financiamento
O financiamento global está estagnado. Em 2024, foram investidos US$ 5,9 bilhões — muito abaixo da meta anual de US$ 22 bilhões até 2027. A OMS alerta que o déficit pode provocar 2 milhões de mortes adicionais entre 2025 e 2035.
Recursos destinados à pesquisa também são insuficientes: em 2023, o investimento em inovação atingiu apenas 24% da meta, totalizando US$ 1,2 bilhão.