Brasil intensifica vacinação após registrar 37 casos de sarampo em 2025
Fronteiras com países vizinhos e eventos internacionais, como a COP-30, impulsionam mobilização nacional para conter reintrodução da doença
SAÚDEO Brasil confirmou 37 casos de sarampo em 2025, mesmo mantendo o status de país livre da circulação endêmica do vírus, segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). A confirmação, divulgada pelo Ministério da Saúde, ocorre em meio à alta de casos no continente americano, que levou à perda da certificação das Américas como região livre da doença.
Os registros brasileiros foram classificados como casos importados ou relacionados à importação. As infecções ocorreram nos estados de Tocantins (25), Mato Grosso (6), Rio de Janeiro (2), Distrito Federal (1), Maranhão (1), Rio Grande do Sul (1) e São Paulo (1). De acordo com a pasta, a vigilância epidemiológica foi eficaz em conter a disseminação do vírus. “O mesmo ocorreu no Rio Grande do Sul, em São Paulo e no Distrito Federal”, destacou o Ministério da Saúde em nota.
Casos importados acendem alerta nas fronteiras - O primeiro alerta veio em março, quando duas crianças da mesma família foram diagnosticadas com sarampo em São João de Meriti (RJ). A rápida atuação das autoridades, com rastreamento de contatos e reforço da vacinação, foi decisiva para conter a transmissão.
No entanto, o maior surto do ano foi registrado em Campos Lindos, no Tocantins, após quatro moradores retornarem da Bolívia infectados. O contágio se espalhou para outros 22 membros de uma comunidade local com baixa cobertura vacinal, totalizando 25 casos. O caso confirmado em Carolina (MA) também teve vínculo com essa comunidade.
Outro foco foi identificado em Primavera do Leste, no Mato Grosso, com seis casos confirmados, sendo quatro pacientes que também haviam viajado à Bolívia. Os dois casos restantes foram considerados secundários, ligados a esses primeiros contatos.
Cenário nas Américas e ações diplomáticas - Desde janeiro, as Américas registraram 12.596 casos confirmados de sarampo, com 28 mortes. Os dados apontam para uma concentração expressiva nos Estados Unidos, México e Canadá, que respondem por 95% dos casos. As mortes foram registradas em sua maioria no México (23), além de três nos EUA e duas no Canadá.
A alta de casos levou a Comissão Regional de Monitoramento e Reverificação da Eliminação do Sarampo das Américas a declarar o restabelecimento da transmissão endêmica do vírus no continente, o que resultou na perda da certificação de região livre da doença.
O Brasil, como resposta, intensificou ações nas fronteiras com a Bolívia, Uruguai e Argentina. O país também doou mais de 640 mil doses de vacina ao governo boliviano como estratégia regional de contenção.
COP-30 e reforço no Pará - Com a proximidade da COP-30, a Conferência do Clima da ONU que ocorrerá em Belém (PA) em 2025, o governo federal redobrou os cuidados na região Norte. O alto fluxo esperado de pessoas de diversas partes do mundo mobilizou o Programa Nacional de Imunizações (PNI) a iniciar uma campanha intensiva de vacinação no estado do Pará desde o início do ano.
Até o momento, aproximadamente 351 mil doses foram aplicadas na população local, conforme dados do Ministério da Saúde. A ação preventiva visa evitar a reintrodução do vírus em um contexto de grande circulação internacional.
Cenário vacinal preocupa autoridades - Os números de vacinação no Brasil sofreram queda em 2025. A cobertura vacinal da primeira dose da vacina tríplice viral caiu para 91,51% e a da segunda dose para 75,53%, em comparação aos 95,80% e 80,43%, respectivamente, registrados em 2024. A redução preocupa, já que a principal forma de prevenção ao sarampo é justamente a imunização.
A vacina está disponível gratuitamente nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) para pessoas de 12 a 59 anos e protege também contra caxumba e rubéola. Além de altamente contagioso, o sarampo pode causar complicações graves como pneumonia, encefalite, cegueira e até a morte.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, reforçou o compromisso do governo com a prevenção: “Estamos empenhados em evitar a reintrodução do vírus no País. Além das ações de vigilância, o Ministério da Saúde tem garantido o abastecimento de imunizantes em todos os estados”.