Ex-presidente do INSS é preso em nova fase de operação sobre desvios de aposentadorias
Alessandro Stefanutto é investigado por suposta omissão; PF também impôs tornozeleira a ex-ministro de Bolsonaro
OPERAÇÃO DA PFA Polícia Federal prendeu nesta quinta-feira, 13, o ex-presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, durante a nova fase da Operação Sem Desconto, que investiga fraudes em aposentadorias e pensões com atuação de organizações criminosas em diferentes estados. Stefanutto, que assumiu o comando do INSS em julho de 2023, é suspeito de ter permitido os desvios sob sua gestão.
Em nota, a defesa do ex-presidente classificou a prisão como “completamente ilegal” e afirmou que ele vem colaborando com as investigações desde o início.
A ação da PF também atingiu outros ex-dirigentes do INSS e lideranças de entidades ligadas ao setor rural. Um dos alvos foi José Carlos Oliveira, ex-ministro do Trabalho no governo Bolsonaro e ex-presidente do INSS, que teve determinada a instalação de tornozeleira eletrônica.
Outro nome preso foi André Fidelis, ex-diretor de Benefícios, enquanto seu filho, o advogado Eric Fidelis, prestava depoimento à CPI do INSS. O ex-procurador-geral do INSS Virgílio Antônio e sua esposa, a médica Thaísa Hoffmann, também foram detidos. Thaísa é suspeita de ter recebido mais de R$ 5 milhões de empresas ligadas ao lobista Antônio Camilo, conhecido como "Careca do INSS".
Foram presos ainda integrantes da Conafer (Confederação Nacional de Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais): Cícero Marcelino, Tiago Abraão Ferreira Lopes e Samuel Chrisostomo do Bomfim Júnior. O presidente da entidade, Carlos Roberto Ferreira Lopes, não foi localizado.
Também foi preso Vinícius Ramos da Cruz, presidente do Instituto Terra e Trabalho, e foi expedido um novo mandado de prisão contra o “Careca do INSS”, já detido desde setembro.
A PF cumpriu 63 mandados de busca e apreensão, incluindo ações contra políticos. Entre os alvos estão o deputado federal Euclydes Pettersen Neto (Republicanos-MG), que vendeu um avião a uma entidade ligada aos desvios, e o deputado estadual do Maranhão Edson Cunha de Araújo, ex-presidente de uma entidade de pescadores.
Pettersen negou qualquer envolvimento com o INSS e a Conafer. Edson Araújo ainda não se manifestou. A CPI do INSS aprovou a convocação de Araújo ainda nesta quinta.
Crimes investigados
A operação apura os crimes de:
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Inserção de dados falsos em sistemas oficiais;
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Organização criminosa;
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Estelionato previdenciário;
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Corrupção ativa e passiva;
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Ocultação e dilapidação patrimonial.
A ação foi autorizada pelo ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF).