Aguirre Talento | 13 de novembro de 2025 - 10h15

Investigação do INSS avança e mira políticos e entidades ligadas a fraudes em aposentadorias

Nova fase da Operação Sem Desconto cumpre dezenas de mandados e revela articulação com parlamentares e organizações rurais

OPERAÇÃO SEM DESCONTO
Fraudes no INSS: investigação expande foco e atinge políticos e entidades do setor rural - Foto: Marcello Casal/Agência Brasil

Com prisões já realizadas, a nova etapa da Operação Sem Desconto mostra que os desvios de aposentadorias no INSS vão além da atuação de ex-gestores e avançam sobre políticos e representantes de entidades de classe. A Polícia Federal cumpriu, nesta quinta-feira (13), mandados de busca e apreensão em 15 estados e no Distrito Federal, incluindo alvos com mandatos parlamentares e lideranças rurais.

A operação mira crimes como estelionato previdenciário, corrupção, inserção de dados falsos em sistemas públicos e formação de organização criminosa. As ordens judiciais foram autorizadas pelo ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Entre os nomes citados nesta fase estão o deputado federal Euclydes Pettersen Neto (Republicanos-MG), apontado por transações com entidades envolvidas nos desvios, e o deputado estadual maranhense Edson Cunha de Araújo, que teria ligação com descontos associativos suspeitos, por meio de uma entidade de pescadores.

Também foram presos nomes ligados à Confederação Nacional de Agricultores Familiares (Conafer) e ao Instituto Terra e Trabalho. Essas organizações são suspeitas de intermediar os repasses e simular vínculos para liberação de benefícios, segundo as investigações.

Entre os detidos está o ex-presidente do INSS Alessandro Stefanutto, que comandou o órgão entre julho de 2023 e este ano. A defesa dele classificou a prisão como “ilegal” e disse que ele vinha colaborando com as investigações. Também foi determinada a aplicação de tornozeleira eletrônica ao ex-ministro José Carlos Oliveira, que comandou o INSS no governo anterior.

A operação ainda atingiu o lobista conhecido como “Careca do INSS”, que já estava preso desde setembro e agora responde por novas acusações.

Segundo a Polícia Federal, as fraudes envolvem diversos mecanismos para driblar o sistema do INSS, incluindo a inserção de dados falsos, criação de vínculos inexistentes e uso indevido de descontos de associações em benefícios ativos.

As diligências realizadas nesta quinta reforçam o foco em articulações políticas e institucionais por trás dos desvios, ampliando o alcance da investigação iniciada no primeiro semestre deste ano.