Luis Filipe Santos | 12 de novembro de 2025 - 21h45

Frente fria e La Niña devem manter tempo chuvoso e frio em novembro no Brasil

Fenômenos climáticos como ciclones e o La Niña devem dificultar a elevação das temperaturas às vésperas do verão

CLIMA INSTÁVEL
Novembro deve continuar com dias frios e chuvosos na parte final do mês. - (Foto: Tiago Queiroz/Estadão)

As condições climáticas no Brasil devem continuar instáveis na segunda quinzena de novembro. As temperaturas, que ensaiaram uma leve recuperação nos últimos dias, devem voltar a cair em diversas regiões do país. O motivo, segundo especialistas, é a combinação do fenômeno La Niña com a formação de novos ciclones extratropicais no Atlântico Sul.

A mudança mais significativa deve ocorrer neste domingo, 16, quando está prevista a formação de um novo ciclone extratropical sobre o Sul do país. De acordo com os serviços de meteorologia, o sistema poderá provocar chuva forte e tempo severo, especialmente no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina.

Para Marcelo Seluchi, coordenador de Operações e Modelagem do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), a atuação desses fenômenos é comum para o período, mas a frequência tem sido motivo de atenção.

“Ciclones não são infrequentes, muito pelo contrário”, disse Seluchi, que também alerta sobre a limitação dos modelos meteorológicos em prever com precisão sistemas isolados para além de duas semanas. “A realidade pode ser bem diferente da previsão”, pontuou.

Em São Paulo, por exemplo, a chegada de uma frente fria fraca deve derrubar as temperaturas entre esta quinta (14) e sexta-feira (15). A expectativa é que as máximas passem de 30°C para cerca de 22°C.

Segundo o meteorologista Lucas Carvalho, da Tempo OK, a tendência é que a chuva predomine em boa parte do país até o fim do mês. Ele explica que os padrões típicos da climatologia do fenômeno La Niña tendem a concentrar a umidade no Norte e Nordeste, além do Centro-Oeste e Minas Gerais.

“A segunda quinzena deve ser marcada por canais de umidade mais intensos, com chuvas recorrentes entre o Centro-Oeste, Sul da Bahia e parte de Minas Gerais”, explica Carvalho.

Com a intensificação do La Niña, espera-se também o aumento da nebulosidade e de chuvas no Nordeste, o que deve aliviar um pouco o calor habitual da região. No entanto, os meteorologistas ressaltam que o fenômeno pode favorecer o surgimento de eventos extremos, como o tornado que destruiu boa parte da cidade de Rio Bonito do Iguaçu (PR), na semana passada.

Embora não seja possível prever tornados com muita antecedência, Carvalho alerta para a necessidade de aprimorar ferramentas de previsão e resposta.

“Fenômenos meteorológicos de grande intensidade e magnitude são de extrema complexidade. São necessários estudos rigorosos para antecipar e minimizar os impactos sociais e econômicos”, concluiu.