Quem foi Jeffrey Epstein e por que ele ainda assombra Donald Trump
Financista acumulou fortuna entre os poderosos e foi acusado de liderar rede de tráfico sexual de menores nos EUA
ENTENDAA figura de Jeffrey Epstein voltou a ocupar o centro do debate público nos Estados Unidos, não apenas pelas acusações que marcaram sua trajetória, mas também pelos laços que manteve com nomes influentes — entre eles, o ex-presidente Donald Trump.
Epstein, um financista nova-iorquino, construiu sua carreira no mercado financeiro após passagem como professor na prestigiada Dalton School, em Manhattan. Em 1976, iniciou trajetória no banco Bear Stearns e, anos depois, fundou a J. Epstein & Co, empresa que lhe rendeu uma fortuna estimada em mais de US$ 500 milhões.
Com influência crescente, Epstein se aproximou de figuras como o príncipe Andrew, o ex-presidente Bill Clinton, Bill Gates e Donald Trump. Durante anos, circulou entre celebridades e políticos, até que denúncias graves mudaram o curso de sua vida.
As acusações
Entre 2002 e 2005, Epstein foi acusado de liderar uma rede de tráfico sexual de adolescentes em propriedades localizadas em Nova York, Flórida, Novo México e até em sua ilha particular no Caribe. Em 2005, o caso veio à tona após os pais de uma adolescente de 14 anos denunciarem o abuso à polícia de Palm Beach.
As investigações revelaram que Epstein, com a ajuda de sua ex-namorada Ghislaine Maxwell, recrutava meninas em troca de dinheiro para que prestassem favores sexuais. Em 2008, foi condenado por exploração sexual de menores, cumprindo apenas 13 meses de prisão após um acordo judicial controverso, considerado ilegal anos depois.
Reincidente, Epstein foi novamente preso em 2019, mas morreu um mês depois em sua cela, em Nova York. A autópsia concluiu suicídio, mas as circunstâncias até hoje geram dúvidas e teorias.
Donald Trump e Epstein: relação de proximidade
Trump e Epstein se conheceram nos anos 1980 e conviveram durante pelo menos 15 anos. Em 2002, o então empresário descreveu Epstein como “um cara incrível” em entrevista à New York Magazine, e reconheceu que ele “gostava de mulheres jovens”.
Registros oficiais mostram que Trump esteve presente em pelo menos sete voos de Epstein. O ex-presidente reconheceu o uso do avião, mas nega envolvimento com qualquer atividade criminosa ou visitas à ilha particular do financista.
O clube Mar-a-Lago, de propriedade de Trump, também foi citado no caso. Uma das vítimas, Virginia Giuffre, afirma ter sido recrutada por Ghislaine Maxwell enquanto trabalhava como atendente no local. Trump alegou não conhecer detalhes da contratação.
A amizade entre os dois teria se rompido em 2004 após uma disputa por uma mansão em Palm Beach. Em 2019, Trump declarou que não falava com Epstein havia 15 anos.
Documentos e e-mails reacendem suspeitas
Nesta semana, novos e-mails revelados por congressistas democratas reacenderam suspeitas sobre o que Trump realmente sabia sobre a rede comandada por Epstein. Nas mensagens, Epstein afirma que Trump “sabia das meninas” e teria passado “horas” com uma das vítimas.
A polêmica aumentou após denúncias de que o governo Trump teria ocultado parte dos arquivos da investigação. O FBI teria sido instruído a evitar menções diretas ao então presidente durante a análise dos documentos. A decisão de manter trechos em sigilo alimentou críticas à falta de transparência do governo à época.
Consequências políticas e pressão pública
Apesar de ter prometido uma investigação aprofundada em 2019, Trump passou a minimizar o caso e chegou a atacar seus próprios apoiadores que cobravam mais explicações. Em 2020, desejou “tudo de bom” à Ghislaine Maxwell, o que gerou ainda mais controvérsias.
Atualmente, o caso Epstein segue sendo um fantasma político e ético na trajetória de Trump, sobretudo diante das novas revelações e da insistência de setores da sociedade americana por mais transparência e justiça.