Pedro Lima e Jessica de Holanda | 12 de novembro de 2025 - 18h00

Governo Trump avalia manter tarifas mesmo em caso de derrota na Suprema Corte

Casa Branca estuda usar brechas legais das leis comerciais se decisão judicial derrubar tarifas

TARIFAS SOB JULGAMENTO
Em Washington, na quarta-feira, 5, Manifestante protesta contra tarifas, em frente à Suprema Corte, que julga a legalidade das ordens executivas de Trump. - (Foto: Mark Schiefelbein/AP)

O governo dos Estados Unidos está avaliando alternativas para manter as tarifas sobre importações mesmo que a Suprema Corte decida que a medida é inconstitucional. A informação foi confirmada nesta quarta-feira (12) por Kevin Hassett, diretor do Conselho Econômico Nacional da Casa Branca, que destacou o uso de outras ferramentas legais como caminho possível diante de uma eventual derrota judicial.

"Estamos analisando opções e autoridades alternativas se a Suprema Corte decidir contra o governo no caso das tarifas", afirmou Hassett, em coletiva.

A polêmica gira em torno da autoridade usada pelo ex-presidente Donald Trump para impor tarifas comerciais unilaterais, alegando respaldo na Lei de Poderes Econômicos de Emergência de 1977. A Constituição dos EUA, no entanto, reserva ao Congresso o poder de instituir tributos, o que coloca em xeque a legalidade das tarifas anunciadas.

Caso a Corte derrube a medida, a equipe econômica avalia acionar a seção 301, que permite impor tarifas contra países acusados de práticas comerciais desleais — como foi feito com o Brasil em julho — e a seção 122, que autoriza restrições temporárias com base no balanço de pagamentos.

Hassett minimizou os possíveis efeitos inflacionários da política tarifária, classificando os custos como um "ajuste de nível" e não como um fator de alta contínua de preços. Segundo ele, o governo espera uma redução significativa nos preços de produtos importados. “Espero ver uma grande redução no preço dos bens importados da China e de outros países”, declarou.

A imposição das tarifas, anunciada por Trump em abril, atingiu mais de cem parceiros comerciais e foi justificada como uma tentativa de reduzir o déficit comercial americano, que tem sido uma das principais bandeiras da sua política econômica.

O que está em jogo na Suprema Corte

Pela primeira vez, a Suprema Corte dos EUA está analisando se as tarifas impostas sob justificativa de emergência podem ser consideradas uma forma de tributação — o que exigiria aprovação do Congresso. Caso os juízes entendam dessa forma, o governo pode ser obrigado a recuar.

Por outro lado, se a Corte considerar as tarifas como instrumentos de política externa, elas podem ser mantidas como prerrogativa exclusiva do Poder Executivo.