12 de novembro de 2025 - 15h15

Congresso homenageia policiais mortos em operação no Rio que deixou 121 mortos

Sessão solene reconheceu a atuação das forças de segurança na Operação Contenção, marcada por críticas de entidades de direitos humanos

OPERAÇÃO CONTENÇÃO
Cerimônia no Congresso homenageou os quatro policiais mortos na Operação Contenção, deflagrada nos complexos do Alemão e da Penha. - (Foto: Geraldo Magela/Agência Senado)

O Congresso Nacional realizou nesta quarta-feira (12) uma sessão solene em homenagem aos quatro policiais mortos durante a Operação Contenção, deflagrada nos complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro, no último dia 28.

A homenagem, proposta pelo senador Ciro Nogueira (PP-PI) e pelo deputado federal Doutor Luizinho (PP-RJ), também prestou reconhecimento ao governador fluminense Cláudio Castro e às polícias Civil e Militar do Estado. Parentes e amigos dos agentes compareceram à cerimônia no plenário.

Foram lembrados os policiais militares Heber Carvalho da Fonseca e Clei Serafim Gonçalves, e os policiais civis Rodrigo Velloso Cabral e Marcus Vinícius Cardoso de Carvalho.

“É necessário homenagear a bravura dos policiais civis e militares que arriscaram suas vidas no combate às organizações criminosas. A guerra é contra os que escravizam o povo, não contra as comunidades”, afirmou Ciro Nogueira.

O deputado Doutor Luizinho classificou a ação como um “marco no enfrentamento à criminalidade” e defendeu que o Congresso reconheça “o sacrifício e a coragem” dos policiais que atuam em operações de alto risco.

A operação mais letal da história - Segundo o governo do Rio de Janeiro, a Operação Contenção resultou em 121 mortes, sendo 117 suspeitos e quatro policiais. Além disso, 113 pessoas foram presas e 93 fuzis apreendidos.

Apesar dos números, apenas 20 dos 100 mandados de prisão expedidos pela Justiça foram cumpridos. O principal alvo da operação, Edgar Alves de Andrade, o Doca, apontado como um dos líderes do Comando Vermelho, continua foragido.

O governador Cláudio Castro voltou a defender a ação, classificando-a como “um sucesso” e afirmando que as únicas “vítimas” foram os policiais mortos e feridos.

“Esta é uma homenagem justa, mas triste. Foi preciso uma grande operação, que custou a vida de quatro guerreiros, para que o Brasil acordasse e percebesse que há um lado claro”, disse Castro.

A Operação Contenção foi duramente criticada por entidades de direitos humanos e associações de moradores, que apontaram excesso de violência e ineficácia. A Anistia Internacional classificou a ação como “desastrosa”.

Durante o discurso, Cláudio Castro também criticou as restrições impostas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na chamada ADPF das Favelas, de 2020, que impôs limites para operações policiais em comunidades carentes.

As regras proíbem operações em áreas próximas a escolas e hospitais, determinam comunicação prévia ao Ministério Público e exigem preservação dos locais para investigação de eventuais abusos.

“Essas decisões têm dificultado o trabalho das forças de segurança. O povo quer ver resultados, e os policiais não podem ser impedidos de agir”, afirmou o governador.