STF cobra explicações de Lula sobre ausência de mulher negra na lista para nova vaga na Corte
Ministro André Mendonça pede manifestação da AGU após mandado de segurança de grupo feminista
PODER JUDICIÁRIOO ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta segunda-feira (10) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se manifeste oficialmente sobre a possibilidade de indicar uma mulher negra para ocupar a vaga deixada por Luís Roberto Barroso na Corte. O pedido surge no contexto de um mandado de segurança apresentado pela Rede Feminista de Juristas, que reivindica a nomeação de uma mulher — preferencialmente negra — para a Suprema Corte.
A ação, que ainda aguarda decisão liminar, sustenta que a escolha para o cargo deve considerar a composição social brasileira e corrigir distorções históricas. O grupo de autoras afirma que, embora as mulheres negras representem a maioria da advocacia no País, nenhuma delas jamais foi indicada para o STF.
"Compreende-se a priorização de mulheres negras para o assento em razão da sumária e histórica exclusão", diz um trecho da petição assinada pelas advogadas Luana Cecília dos Santos Altran, Raphaela Reis de Oliveira, Juliana de Almeida Valente, Cláudia Patrícia de Luna Silva e Maria das Graças Pereira de Mello.
AGU será notificada
André Mendonça, relator da ação, determinou que a Advocacia-Geral da União (AGU) seja notificada para se pronunciar sobre o pedido do grupo. A medida não representa uma decisão sobre o mérito, mas reconhece a relevância do tema e sua admissibilidade para análise jurídica.
O documento aponta ainda que, em mais de 134 anos de história do STF, apenas três mulheres foram nomeadas para o cargo de ministra — nenhuma delas negra. Atualmente, a única mulher na composição da Corte é a ministra Cármen Lúcia. A aposentadoria de Rosa Weber, em setembro de 2023, abriu uma vaga que foi preenchida por Flávio Dino, também nomeado por Lula.
Ausência de diversidade nas indicações
O grupo feminista critica o fato de que todos os nomes atualmente cogitados para a nova indicação são homens, entre eles Jorge Messias, atual advogado-geral da União, que desponta como o favorito do presidente para assumir o posto. A petição argumenta que a falta de representatividade racial e de gênero no STF fere os princípios constitucionais de igualdade.
"Mulheres negras, que são um segmento populacional considerável no Brasil, estão totalmente excluídas, ou seja, não possuem nenhuma representação neste espaço; daí a prioridade máxima na indicação", afirmam as autoras do mandado.
Além da representatividade, o grupo alega que há respaldo jurídico e institucional para cobrar a inclusão de mulheres negras na composição da Corte, com base em normas nacionais e internacionais de proteção aos direitos humanos.