Ibovespa bate 157 mil pontos e iguala série histórica de altas de 1994
Bolsa fecha com recorde pelo 12º pregão seguido; ata do Copom e inflação controlada impulsionam otimismo
MERCADO FINANCEIROO Ibovespa encerrou a terça-feira (11) com novo recorde histórico de fechamento ao alcançar 157.748,60 pontos, em alta de 1,60%. Foi o 12º pregão consecutivo em que o índice bate recorde de fechamento e o 15º dia de valorização seguida — marca que iguala a maior sequência de altas registrada entre maio e junho de 1994. Se repetir o desempenho nesta quarta, a Bolsa se aproxima da histórica série de 19 sessões positivas entre dezembro de 1993 e janeiro de 1994.
Durante o pregão, o índice chegou a atingir os 158.467,21 pontos na máxima do dia. O volume negociado também avançou, somando R$ 35,4 bilhões, impulsionado pela expectativa em torno do vencimento de opções sobre o índice, que ocorre nesta quarta-feira.
O desempenho recente do mercado brasileiro impressiona: desde o início da atual sequência positiva, em 22 de outubro, o Ibovespa acumula alta de 9,48%, equivalente a cerca de 13,6 mil pontos. No mês de novembro, o avanço chega a 5,49%, com valorização acumulada no ano de 31,15%, já se aproximando do ganho total registrado em 2019 (31,58%).
Entre os principais fatores que sustentam o desempenho positivo da Bolsa está a percepção de que o Banco Central pode iniciar o corte da taxa Selic mais cedo do que o esperado. A ata do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada nesta terça, mostrou tom menos rígido do que o comunicado da reunião da semana passada, reacendendo apostas de corte já em janeiro de 2026.
A análise da economista-chefe da B.Side Investimentos, Helena Veronese, destaca que a inflação mais controlada ajuda a reforçar esse cenário, mas ainda há cautela. "O IPCA de outubro foi o menor para o mês desde 1998, o que reforça uma composição mais benigna. No entanto, a inflação de serviços voltou a subir e ainda exige atenção", pontuou.
A sessão foi marcada por forte desempenho das ações de empresas de primeira linha. Petrobras subiu 2,40% (ações ON) e 2,60% (PN). Entre os bancos, Banco do Brasil avançou 3,03%, seguido por Santander (+2,33%) e Bradesco, cujas ações ON e PN subiram 1,91% e 2,15%, respectivamente. Já a Vale ON, papel com maior peso no Ibovespa, fechou em leve queda de 0,26%.
O destaque de valorização ficou com a Braskem, que disparou 18,04% após divulgação do balanço do terceiro trimestre. CVC (+11,48%) e Cosan (+8,27%) também tiveram forte performance. Na outra ponta, as quedas mais expressivas foram da Natura (-15,65%), Porto Seguro (-7,64%) e BB Seguridade (-2,27%).
O economista Thiago Calestine, da Dom Investimentos, avalia que o Ibovespa também está sendo beneficiado por um movimento global de rotação de ativos. Segundo ele, investidores internacionais vêm retirando lucros acumulados no setor de tecnologia dos EUA — especialmente das chamadas “Magnificent Seven” — e redirecionando parte desses recursos para mercados emergentes.
“O Brasil ficou para trás, mas agora oferece múltiplos atrativos e um delta entre preço e valor muito interessante. O momento favorece a entrada de capital estrangeiro”, analisa Calestine.
Com o dólar em baixa de 0,64% e encerrando o dia a R$ 5,2732, o cenário macroeconômico se mostrou favorável para o mercado acionário, criando uma combinação rara de estabilidade cambial, inflação sob controle e expectativa de juros mais baixos no médio prazo.