Lindbergh acusa projeto antifacção de tentar enfraquecer a Polícia Federal
Líder do PT na Câmara afirma que proposta do secretário paulista Guilherme Derrite busca blindar investigados e dificultar apurações da Operação Carbono Oculto
POLÍTICA NACIONALO líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (PT-RJ), voltou a criticar nesta segunda-feira (10) o texto apresentado pelo deputado e secretário de Segurança de São Paulo, Guilherme Derrite (PP-SP), no projeto conhecido como antifacção.
Segundo Lindbergh, a proposta tem “um objetivo claro de impedir a atuação da Polícia Federal” e representaria uma tentativa de sabotar investigações relevantes e blindar envolvidos na Operação Carbono Oculto, que apura a infiltração do crime organizado na economia formal.
As declarações foram feitas em seu perfil no X (antigo Twitter), na véspera da sessão que deve analisar o projeto no plenário da Câmara dos Deputados. A proposta foi enviada pelo governo federal após a megaoperação policial no Rio de Janeiro que resultou em 121 mortes.
A tramitação ganhou novos contornos após o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), indicar Derrite como relator — o que ampliou a tensão entre governistas, centrão e oposição.
De acordo com a coluna de Marcelo Godoy, do Estadão, o promotor Lincoln Gakiya, que há anos investiga o PCC e vive sob ameaças da facção, também alertou que o texto pode excluir tanto a Polícia Federal quanto o Ministério Público de investigações contra o crime organizado.
Lindbergh argumenta que o projeto, ao prever que “a investigação criminal caberá às Polícias Civis e a competência para processamento e julgamento será da Justiça Estadual”, retira a PF das apurações. O texto ainda estabelece que a atuação federal só ocorrerá “mediante provocação do governador do Estado”, o que, segundo o deputado, engessa investigações interestaduais e transnacionais, como a Operação Carbono Oculto.
Deflagrada no fim de agosto, a operação da Polícia Federal busca desarticular redes de lavagem de dinheiro e infiltração do crime organizado no setor de combustíveis — parte delas ligada ao PCC. A ofensiva teve como alvo principal empresas e endereços da Avenida Faria Lima, em São Paulo, centro financeiro do país.
“Em vez de fortalecer o combate ao crime organizado, o relator faz o oposto: tira poder da PF, protege redes de lavagem e impede a cooperação direta entre polícias”, afirmou Lindbergh.
Para o petista, o texto elaborado por Derrite é uma “manobra inconstitucional”, por ferir o artigo da Constituição que define a competência da União em casos de infrações interestaduais ou transnacionais.