Nem o frio e a chuva desanimaram os 27 participantes do Empretec Indígena, realizado na aldeia Marangatu, em Antônio João (MS). O curso, promovido pelo Governo do Estado, em parceria com o Sebrae e apoio da Prefeitura Municipal, terminou no sábado (1º) com histórias de superação e geração de renda.

A professora Jéssica Barbosa de Carvalho, de 32 anos, foi um dos destaques. No início, ela duvidava do próprio potencial. “Falei pro professor: ‘pra que vou fazer se não tenho nada pra vender?’”, contou. Após participar, ela mudou de visão. “Aprendi que empreender é ter atitude, persistência e comprometimento. O medo é o que mais impede a gente de tentar.”

Durante a formação, Jéssica integrou o grupo que criou a empresa fictícia “Estação do Sabor”, que acabou se tornando um sucesso real dentro da aldeia. Mesmo enfrentando chuva e barro, o grupo arrecadou R$ 2.408 em cinco dias, vendendo doces, caldos e outros produtos. “Mostramos que é possível. Temos capacidade de fazer acontecer”, afirmou.

O Empretec é uma metodologia da ONU, aplicada no Brasil pelo Sebrae, que estimula o comportamento empreendedor. Em Mato Grosso do Sul, a versão Indígena foi lançada em 2024 e já é referência nacional.

Durante seis dias, os participantes vivenciaram desafios práticos e aprenderam a planejar, negociar e superar limitações. O facilitador do Sebrae, Francisco Júnior, destacou o impacto do curso: “Este é o início de algo novo. A única pessoa que pode dizer se você consegue, é você mesmo.”

O subsecretário de Políticas Públicas para Povos Originários, Fernando Souza, destacou o simbolismo da iniciativa. “Vencemos resistências porque acreditamos no potencial dos povos indígenas. É possível crescer sem deixar de ser quem somos”, afirmou.

A vereadora e liderança local Inaye Gomes Lopes comemorou a conquista. “Esse curso era um sonho antigo. Tivemos jovens, adultos e até um participante de 78 anos. Mostramos que nunca é tarde para aprender.”

Entre os participantes, o diretor escolar Adão Benites e a filha Karine decidiram transformar a ideia criada no seminário em um negócio real: a Soberana S.A., que venderá doces, carnes e caldos produzidos na aldeia. “Agora temos confiança para empreender de verdade”, disse Adão.

O nome da empresa homenageia a localidade onde vivem, Soberana, e simboliza o orgulho de empreender com raízes no território indígena.

Próximas formações

O Empretec Indígena faz parte de uma política estadual de valorização do empreendedorismo e geração de renda nas comunidades tradicionais. O programa terá novas edições em outras aldeias e também lançará, de forma inédita, o Empretec Quilombola, em Nioaque.