Agência Brasil | 09 de novembro de 2025 - 09h10

Mudanças climáticas agravam alergias e doenças respiratórias, alerta associação médica

Em carta à COP30, entidade brasileira destaca que poluição, calor e eventos extremos intensificam crises alérgicas e respiratórias

SAÚDE
Entidade médica alerta que mudanças climáticas e poluição agravam casos de alergias e doenças respiratórias no Brasil. - (Foto: Daniel Teixeira/Estadão)

Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai) alertou, em carta enviada ao presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, para os efeitos cada vez mais severos das mudanças climáticas e da poluição sobre a saúde da população. Segundo a entidade, o aquecimento global tem ampliado os casos e agravado o quadro de doenças alérgicas e respiratórias em todo o país.

O tema será o eixo central do 52º Congresso Brasileiro de Alergia e Imunologia, que acontece de 13 a 16 de novembro, em Goiânia, reunindo mais de 200 especialistas nacionais e internacionais.

A presidente da Asbai, Fátima Rodrigues Fernandes, afirmou que o impacto ambiental é decisivo para o aumento de doenças como asma, rinite alérgica, conjuntivite e dermatite atópica.

“A genética tem papel importante, mas não explica sozinha o avanço dessas doenças. O ambiente e as mudanças climáticas alteram as defesas do corpo, inflamam mucosas e a pele, favorecendo reações alérgicas”, destacou Fátima em entrevista à Agência Brasil.

Ela explica que o aumento da poluição, da temperatura média e das catástrofes climáticas intensifica a presença de alérgenos no ar — como pólens, fungos e ácaros —, principais agentes desencadeadores de alergias.

Desastres e poluição

Um estudo do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) citado na carta mostra que a incidência de incêndios aumentou em até 60% na Região Norte, espalhando fumaça por todo o país e elevando a poluição atmosférica. O impacto atinge principalmente crianças, idosos, gestantes e populações de baixa renda.

Além da fumaça, a Asbai também chama atenção para a poluição plástica. O Brasil é o quarto maior produtor de plástico do mundo, e os microplásticos, presentes na água e em alimentos, têm interferido no sistema imunológico e na saúde intestinal das pessoas.

“Há cada vez mais casos de alergias alimentares e intolerâncias ligados à inflamação do trato gastrointestinal causada por microplásticos”, alertou Fátima Fernandes.

A médica reforçou que eventos climáticos extremos — como enchentes e secas — também dificultam o acesso de pacientes crônicos a medicamentos e tratamentos contínuos. “Essas situações aumentam as crises de asma, internações e até óbitos. Também afetam o emocional de pacientes e profissionais de saúde, que enfrentam cenários de estresse extremo”, explicou.