'Em cinco minutos eu não tinha mais nada', relatam vítimas do tornado em Rio Bonito do Iguaçu
Com ventos de até 250 km/h, tornado deixou seis mortos, centenas de feridos e milhares de desabrigados no interior do Paraná; moradores relatam momentos de desespero e perda total
TRAGÉDIA NO PARANÁO que era uma forte chuva virou um dos piores temporais já registrados em Rio Bonito do Iguaçu (PR). Em poucos minutos, ventos acima de 250 km/h destruíram casas, arrancaram árvores e deixaram a cidade em ruínas. “Não deu tempo de nada. Deu cinco minutos e eu não tinha mais nada”, conta a aposentada Luiza Velozo, que perdeu a casa onde morava com o marido, Jefferson.
Segundo a Defesa Civil, o tornado, que atingiu o município na sexta-feira (7), deixou seis mortos, 773 feridos e cerca de quatro mil pessoas afetadas. O governador Ratinho Junior (PSD) decretou luto oficial de três dias em memória das vítimas.
Luiza lembra que o marido a empurrou para debaixo da cama segundos antes da casa desabar. “Ouvi ele gritar, perguntando se eu estava viva”, conta. O casal foi resgatado por um vizinho ferido, que ainda ajudou a salvar outra moradora gravemente machucada.
A filha de Luiza, Fabíola dos Santos, também viveu o pânico. “Meu marido dizia ‘vamos embora’, mas eu só gritava pela minha mãe”, relembra, enquanto observava as ruínas do que restou da casa.
Em outra parte do bairro, o jovem Eduardo Enrique Zanotto se abrigou no banheiro com a mãe, Lenir, quando o vento arrancou o telhado da cozinha. O pai, Gilmar, foi arremessado junto com uma mesa. Ele teve uma perna quebrada e o braço perfurado, mas sobreviveu. “Só sobraram as paredes do banheiro e alguns eletrodomésticos”, resume Eduardo.
As vítimas confirmadas pela Defesa Civil são Adriane Maria de Moura (47), Julia Kwapis (14), Claudino Paulino Risse (57), José Gieteski (83), José Neri Geremias (53) e Jurandir Nogueira Ferreira (49). Ao menos 19 casas foram completamente destruídas e dezenas de famílias permanecem desalojadas.
O governo estadual, o governo federal e a prefeitura trabalham em conjunto no atendimento emergencial e na reconstrução das áreas mais atingidas. “Agora temos que ver como seguir, mas o importante é que estamos vivos”, diz Eduardo, enquanto tenta reorganizar a vida com os pais.