Agência Brasil | 07 de novembro de 2025 - 07h30

Isenção de IR até R$ 5 mil pode impulsionar economia e reduzir desigualdade, dizem especialistas

Projeto aprovado no Congresso deve ser sancionado por Lula na próxima semana; medida vale a partir de 2026 e pode impactar o consumo, endividamento e eleições

ECONOMIA
Nova faixa de isenção do IR entra em vigor em 2026 e deve beneficiar cerca de 25 milhões de brasileiros - (Foto: Marcello Casal jr/Agência Brasil)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve sancionar, a partir do dia 11 de novembro, o Projeto de Lei nº 1.087/2025, que isenta do Imposto de Renda (IR) quem ganha até R$ 5 mil por mês e reduz as alíquotas para rendimentos até R$ 7.350. A medida, aprovada pelo Congresso, entra em vigor em 2026 e é vista por especialistas como um passo relevante rumo à justiça fiscal.

A nova regra também prevê uma taxação adicional para rendas superiores a R$ 600 mil por ano (R$ 50 mil mensais) e lucros enviados ao exterior, com alíquota de até 10%.

Especialistas ouvidos pela Agência Brasil estimam que a mudança pode aquecer a economia e ajudar a reduzir a desigualdade. Para João Leme, da Tendências Consultoria, o PIB pode ter um impulso de até 0,2 ponto percentual, com o ganho equivalente a um “14º salário distribuído ao longo do ano”.

Pedro Humberto de Carvalho, do Ipea, estima um alívio de R$ 350 a R$ 550 mensais no orçamento da classe média. O consumo deve crescer, e a inflação — especialmente em serviços — pode ser pontual e localizada, avaliam os analistas.

Victor Pagani, do Dieese, vê na medida um avanço no combate à desigualdade, ao aplicar o princípio da “capacidade contributiva”. Já o tributarista Bruno Medeiros Durão destaca que a proposta é positiva, mas ainda tímida diante das distorções do sistema.

“A tabela está defasada, com poucas faixas e baixa progressividade. Precisamos tributar toda a renda, inclusive lucros e dividendos, como já ocorre em vários países desenvolvidos”, defende.

Outro efeito previsto é o uso da renda extra para pagamento de dívidas, já que 80% das famílias estavam endividadas em outubro, segundo a CNC.

A pauta tributária também deve influenciar as eleições de 2026. “Candidatos que vincularem a taxação dos super-ricos à melhora da vida da classe média terão um discurso forte”, conclui Durão.