MS lança plano de metas antirracistas com ações para os 79 municípios do Estado
Documento propõe diretrizes e metas concretas para enfrentar o racismo institucional e estrutural em todas as esferas
IGUALDADE RACIALO Governo de Mato Grosso do Sul lançou nesta segunda-feira (3) o Plano Estadual de Metas Antirracistas, uma proposta estruturada que marca o início do Novembro Negro 2025 no Estado. O plano reúne ações para a promoção da equidade racial em todos os 79 municípios sul-mato-grossenses, estabelecendo metas claras e estratégicas para enfrentar o racismo estrutural, com foco na inclusão, no fortalecimento de comunidades tradicionais e na reformulação das práticas institucionais.
Construído de forma participativa, o documento nasce como um desdobramento do programa “MS Sem Racismo”, criado em abril por decreto estadual. A elaboração contou com gestores públicos, lideranças sociais e representantes de comunidades quilombolas, negras, ciganas e de matriz africana.
“Cada meta foi pensada com esse centro: a cidadania. Porque não existe cidadania sem igualdade racial”, afirmou a secretária estadual da Cidadania, Viviane Luiza, durante o evento de lançamento.
O plano está organizado em quatro pilares complementares:
- Governança e institucionalidade antirracista: fortalecimento da gestão estadual e incentivo à criação de conselhos e planos municipais de igualdade racial.
- Educação, formação e atendimento antirracista: capacitação contínua de servidores e enfrentamento ao racismo em instituições públicas.
- Equidade e garantia de direitos: ações voltadas ao empreendedorismo negro e quilombola, apoio a comunidades tradicionais e ampliação do acesso a políticas públicas.
- Monitoramento e comunicação estratégica: sistema de dados e indicadores integrado ao Observatório da Cidadania para avaliação permanente das políticas.
De acordo com o subsecretário Deividson Deus da Silva, o plano representa uma mudança de postura do Estado diante da pauta racial. “As políticas públicas só se tornam reais quando chegam nos bairros, nos quilombos, nas escolas. É lá que o antirracismo se realiza”, destacou.
Após o lançamento, o evento seguiu com o painel “MS Sem Racismo: Por Reparação e Bem Viver”, com a presença de nomes como o promotor de Justiça Marcos André Sant’Ana, a conselheira Mackeit Nery e a sacerdotisa Mãe Adriana Kis Faludy. O debate reforçou o papel das redes institucionais e comunitárias no enfrentamento ao racismo.
“O racismo não se combate isoladamente. Precisamos de articulação, senso de comunidade e compromisso das instituições”, afirmou o promotor Marcos André, destacando a atuação da Rede FortaleSer, criada pela Subsecretaria de Igualdade Racial.
Em um dos momentos mais marcantes da noite, Mãe Adriana emocionou ao afirmar: “Eu sou uma mulher negra, sacerdotisa de umbanda, e existo. Não abaixo mais a cabeça. Dentro do nosso terreiro, somos uma família. E resistir é parte da nossa espiritualidade”.
Homenagens a lideranças negras - Durante a solenidade, o Governo homenageou personalidades que têm contribuído com a promoção da igualdade racial no Estado, como a professora quilombola Leila da Silva, o babalorixá Pai Robson de Ogum e a ex-subsecretária de Igualdade Racial, Vânia Baptista Duarte, que recebeu reconhecimento especial por sua atuação pioneira.
“Vânia representa a força de quem abriu caminhos e transformou resistência em política pública. O que estamos vivendo hoje também é fruto dessa trajetória”, afirmou a secretária Viviane Luiza.
O compromisso é com o futuro - Com o tema “Por Reparação e Bem Viver”, o Novembro Negro 2025 celebra lutas históricas e aponta para um futuro antirracista. O plano estadual não apenas oficializa uma política de Estado, como também oferece ferramentas concretas para acompanhar o progresso de cada meta.
“O futuro que queremos é um futuro com cor, com voz e com igualdade. Como ensina a sabedoria ancestral africana: eu sou porque nós somos”, concluiu Deividson Silva.