CNI critica manutenção da Selic e diz que juros altos "sufocam" a economia
Confederação da Indústria aponta impacto negativo sobre crédito, empregos e setor produtivo com taxa mantida em 15% ao ano
ECONOMIAA decisão do Banco Central de manter a taxa Selic em 15% ao ano foi duramente criticada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), que classificou a medida como um entrave ao crescimento econômico. Para o presidente da entidade, Ricardo Alban, a política monetária atual é “excessivamente contracionista” e prejudica o setor produtivo, o mercado de trabalho e o bem-estar da população.
“A Selic tem freado a economia muito além do necessário, uma vez que a inflação está em clara trajetória de queda. A taxa de juros atual traz custos desnecessários, ameaçando o mercado de trabalho”, afirmou Alban em nota oficial divulgada nesta quarta-feira (5).
Brasil tem uma das maiores taxas reais do mundo - A CNI também destacou que o Brasil segue com a segunda maior taxa de juros real do mundo, mesmo com o recuo gradual da inflação. Segundo Alban, essa situação isola o país no cenário internacional e penaliza especialmente a indústria, que sofre com o alto custo do crédito.
“A manutenção dessa taxa sufoca a atividade econômica. O Brasil precisa de condições melhores para investir, produzir e gerar empregos. Isso exige juros mais compatíveis com a realidade econômica atual”, acrescentou o dirigente.
Juros travam o crédito, aponta pesquisa - A entidade divulgou ainda os resultados de uma pesquisa inédita realizada com empresas do setor industrial, evidenciando os impactos da Selic elevada:
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80% das empresas apontaram os juros altos como principal barreira para obter crédito de curto prazo;
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Para financiamento de longo prazo, 71% também citaram a Selic como maior obstáculo.
De acordo com a CNI, esses números reforçam a percepção de que a atual política monetária inibe investimentos e compromete a recuperação econômica, especialmente em setores que dependem de financiamento para expansão da produção.
Setor industrial cobra mudança de postura - A CNI vem reiteradamente pedindo ao Banco Central uma calibragem mais equilibrada da política de juros, alegando que o cenário de inflação sob controle permitiria uma redução gradual da taxa Selic, sem comprometer a estabilidade econômica.
Segundo Alban, a combinação de juros altos, crédito restrito e crescimento tímido está desestimulando o setor produtivo, especialmente a indústria, que já enfrenta desafios como carga tributária elevada e concorrência internacional.