Contarato critica fala de Lula sobre tráfico: "Foi infeliz na colocação"
Presidente da CPI do Crime Organizado defende endurecimento contra o tráfico e diz que segurança pública precisa deixar de ser romantizada pela esquerda
POLÍTICAO senador Fabiano Contarato (PT-ES), presidente da recém-instalada CPI do Crime Organizado no Senado, classificou como “infeliz” a declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que afirmou recentemente que o traficante é uma vítima do usuário de drogas.
A declaração de Lula foi feita ao criticar a política do ex-presidente norte-americano Donald Trump de combater cartéis do narcotráfico na América Latina com ações militares. O petista argumentou que o foco deveria ser o combate ao consumo interno nos Estados Unidos. Após a repercussão negativa, o presidente disse que a frase foi "mal colocada".
Para Contarato, o comentário foi equivocado."Foi infeliz na colocação. Temos que entender que o traficante é o que há de mais pernicioso dentro da sociedade brasileira. O traficante mata. Por isso, defendo mais rigor, inclusive no aumento das penas para o tráfico de entorpecentes", afirmou, em entrevista ao jornal O Globo.
Segurança pública não é pauta da direita, diz senador - Delegado de carreira, o senador afirmou que a CPI será pautada por investigações técnicas, com foco em seguir o rastro financeiro de facções criminosas, milícias e seus vínculos com agentes públicos. "A CPI precisa jogar luz sobre a segurança pública, ver quem tem responsabilidade e o que é necessário fazer para reduzir a criminalidade. Não é palco para pirotecnia nem discurso eleitoral", declarou.
Ele reconheceu que a segurança pública ainda é um desafio político para a esquerda e cobrou maturidade do campo progressista na condução do tema: "Passou da hora de o campo progressista assumir essa pauta, porque ela é apartidária. Essa é uma determinação constitucional, independentemente de partido", disse.
Convocação de Cláudio Castro - A comissão já aprovou o convite para ouvir o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), após a operação policial mais letal da história do país, que deixou 121 mortos nos complexos do Alemão e da Penha, na capital fluminense.
Contarato questiona a eficácia de ações que resultam em elevado número de mortos sem atingir seus principais alvos. "A operação foi bem-sucedida? Restituiu a paz social? Tivemos 121 mortos, entre eles quatro policiais, e um dos alvos não foi capturado. Então, ela foi um sucesso?", questionou.