Francisco Cezário segue afastado da Federação de Futebol de MS após decisão judicial
Acusado de desviar R$ 10 milhões, ex-presidente continuará proibido de acessar a sede da FFMS e de contatar envolvidos na investigação
JUSTIÇAA Justiça de Mato Grosso do Sul manteve as medidas cautelares contra Francisco Cezário de Oliveira, ex-presidente da Federação de Futebol do Estado (FFMS), impedindo seu retorno à entidade que comandou por mais de duas décadas. A decisão, publicada nesta quarta-feira (5) no Diário da Justiça, nega o pedido da defesa para que Cezário voltasse a exercer funções ou tivesse contato com envolvidos no processo da Operação Cartão Vermelho.
Cezário está proibido de visitar a sede da federação, manter contato com acusados e testemunhas, além de não poder mudar de endereço sem comunicar a Justiça ou se ausentar da cidade por mais de oito dias sem autorização. As medidas seguem válidas por tempo indeterminado.
A Operação Cartão Vermelho, conduzida pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), investiga um suposto esquema de corrupção que teria desviado ao menos R$ 10 milhões da FFMS. Parte do dinheiro era sacada em pequenas quantias para evitar o rastreamento por órgãos de controle.
Esquema milionário no futebol sul-mato-grossense - As investigações apontam que, entre setembro de 2018 e fevereiro de 2023, o grupo comandado por Cezário desviou cerca de R$ 6 milhões por meio de saques fracionados. Além disso, o Ministério Público identificou transferências vultosas a empresas parceiras, que devolviam parte do valor ao grupo por fora, caracterizando um esquema de lavagem de dinheiro.
Outro ponto apurado pelo Gaeco envolve o uso irregular de diárias de hospedagens custeadas pelo Estado durante os jogos do Campeonato Sul-Mato-Grossense, também incluído no esquema criminoso.
Cezário foi preso duas vezes em 2024. A primeira detenção ocorreu em maio, durante a deflagração da primeira fase da operação. Ele foi solto com tornozeleira eletrônica após 15 dias, devido a problemas de saúde após a morte da irmã. No entanto, voltou à prisão em agosto, onde permaneceu por mais duas semanas.
Defesa nega fundamentos e vai recorrer - O advogado Willian Maksoud Machado, que representa o ex-presidente, afirmou que "não existem motivos para continuidade das medidas" e que irá recorrer da decisão que mantém as restrições.
Apesar do afastamento, Cezário ainda tenta retomar o controle da federação. Após sua destituição, a FFMS elegeu Estevão Petrallás como novo presidente. Desde então, o ex-mandatário entrou com ações judiciais contestando a nova diretoria, mas não obteve sucesso.
Crise prolongada no futebol estadual - A permanência de Cezário na vida política da FFMS mesmo após as denúncias tem gerado instabilidade no comando do futebol estadual. A tentativa de anular a eleição da nova diretoria reforça a polarização dentro da entidade, enquanto os desdobramentos da operação seguem sob sigilo.
O processo tramita na 6ª Vara Criminal de Campo Grande e segue em fase de apuração das responsabilidades dos investigados.