Roberta Jansen | 05 de novembro de 2025 - 09h45

Separações crescem e união consensual já supera casamento no civil e religioso

Dados do Censo 2022 mostram aumento de casais que vivem juntos sem oficializar a relação e crescimento das famílias chefiadas por mulheres

IBGE
Uniões informais crescem e separações aumentam no Brasil, mostra IBGE no Censo 2022. - (Foto: Freepik)

A vida a dois mudou no Brasil nas últimas décadas. O número de pessoas que se separaram oficialmente ou romperam uma união informal cresceu significativamente desde o ano 2000, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (5) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base no Censo Demográfico de 2022.

O percentual de brasileiros que já viveram em união conjugal, mas que hoje estão separados, passou de 11,9% para 18,6% em 22 anos. Por outro lado, o número de pessoas que nunca viveu com um cônjuge caiu de 38,6% para 30,1%. Já o grupo que está atualmente em união — seja ela formal ou consensual — cresceu levemente, de 49,5% para 51,3%.

Outro dado que revela uma transformação nos hábitos familiares é o crescimento das uniões consensuais — aquelas em que o casal vive junto, mas sem casamento oficial. Esse tipo de relação já representa 38,9% das uniões no país, ultrapassando o casamento civil e religioso, que encolheu de 49,4% em 2000 para 37,9% em 2022. Casamentos apenas no civil também aumentaram, passando de 17,5% para 20,5%.

O levantamento mostra variações significativas entre os estados. O Rio de Janeiro lidera o ranking de pessoas que já estiveram em uma união e não estão mais, com 21,4%. Em seguida, aparecem Bahia (20,4%) e Sergipe (20,1%). Na outra ponta, estão Santa Catarina (16,1%), Pará (16,9%) e Mato Grosso (16,9%), com as menores taxas.

Mais pessoas morando sozinhas, mas Brasil ainda é exceção - Cresceu também o número de brasileiros vivendo sozinhos. Entre 2010 e 2022, esse grupo saltou de 12,2% para 19,1% dos domicílios. Ainda assim, o Brasil está longe de países como Finlândia (45,3%), Reino Unido (30%) e Estados Unidos (27,5%). Na América Latina, os índices são mais próximos: Argentina tem 16,2% de lares com apenas um morador, e o México, 12,4%.

Os dados também revelam mudanças no perfil de quem sustenta os lares. De 2000 a 2022, a participação de mulheres como responsáveis por suas famílias cresceu de 22,2% para 48,8%. No mesmo período, a proporção de lares comandados por homens caiu de 77,8% para 51,2%, praticamente empatando.

As uniões entre pessoas do mesmo sexo ainda representam menos de 1% do total, mas cresceram fortemente desde 2010. Naquele ano, havia cerca de 58 mil casais homoafetivos no país. Em 2022, esse número saltou para 480 mil, ou 0,7% do total. A maioria (58%) é formada por casais de mulheres, enquanto os casais de homens representam 42%.

O reconhecimento legal das uniões homoafetivas começou a avançar em 2011, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu a união estável entre pessoas do mesmo sexo como entidade familiar. Dois anos depois, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) autorizou o casamento civil entre casais LGBT+. Mesmo assim, ainda não existe uma lei federal específica sobre o tema.

Desde então, o Brasil registra, em média, 7,6 mil casamentos homoafetivos por ano, segundo a Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil).