04 de novembro de 2025 - 14h15

Lula ameaça ligar para Trump se EUA não avançarem em acordo comercial com Brasil

Presidente brasileiro pressiona Casa Branca após tarifaço e cobra retomada das negociações

RELACOES EXTERIORES
Lula ameaça ligar para Trump se acordo comercial com EUA não avançar até o fim da COP30. - (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta terça-feira (4) que pretende voltar a telefonar para o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, caso não haja avanços nas negociações comerciais entre os dois países até o fim da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que está sendo realizada em Belém (PA).

“Eu saí da reunião com o presidente Trump certo de que a gente vai estabelecer um acordo. Disse a ele que era muito importante que nossos negociadores começassem a negociar logo”, declarou Lula, em entrevista à imprensa internacional. Segundo ele, a falta de sinalização concreta pode levá-lo a retomar o contato direto. “Quando terminar a COP, se não tiver marcada a reunião entre os meus negociadores e os dele, eu vou ligar para Trump outra vez.”

Malásia foi palco do encontro bilateral - O último encontro entre os dois líderes aconteceu em 26 de outubro, durante a 47ª Cúpula da Asean, em Kuala Lumpur, na Malásia. A reunião durou cerca de 50 minutos e contou com a presença do ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e do secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio.

Na ocasião, Lula cobrou de Trump a suspensão imediata das tarifas de 50% impostas às exportações brasileiras em julho deste ano. A medida, anunciada de forma unilateral pela Casa Branca, atingiu diversos setores do agronegócio, indústria e tecnologia, e causou forte reação do governo brasileiro. Além das tarifas, o governo norte-americano revogou vistos de viagem de ministros e membros do Supremo Tribunal Federal (STF), ampliando a tensão diplomática.

Lula busca reaproximação institucional - Apesar das medidas hostis, o presidente brasileiro afirmou que deseja manter boas relações com os Estados Unidos. “O Brasil tem interesse de ter uma relação extraordinária com os Estados Unidos. Não há nenhuma razão para que haja qualquer desavença”, disse. Ele defende que o diálogo direto entre os presidentes é a melhor forma de superar divergências e construir uma agenda comum. “Quando dois presidentes sentam em uma mesa, cada um coloca seu ponto de vista, a tendência natural é encaminhar para um acordo.”

Lula ainda destacou que o Brasil não aceitará imposições unilaterais e que espera uma retomada equilibrada nas relações comerciais. “Queremos respeito, diálogo e abertura para que nossos produtos cheguem ao mercado norte-americano sem barreiras desnecessárias.”

Pressão antes e depois da COP30 - A sinalização de Lula ocorre no momento em que o Brasil ocupa papel de protagonismo na agenda ambiental global, como anfitrião da COP30. A expectativa do governo é que, encerrada a conferência, a diplomacia econômica ganhe mais espaço nas negociações bilaterais.

Assessores do Itamaraty acompanham de perto os desdobramentos e mantêm contato com diplomatas dos Estados Unidos para tentar agendar um novo encontro entre os representantes comerciais de ambos os países. Lula aposta que a boa relação pessoal construída com Trump na cúpula da Asean possa destravar os canais diplomáticos.