Novembro Azul em MS: campanha avança, mas câncer de próstata ainda mata quatro por semana
Estado mantém política de prevenção desde 2014, mas resistência masculina ao diagnóstico precoce segue sendo desafio
SAÚDE MASCULINADesde 2014, o mês de novembro em Mato Grosso do Sul é marcado por prédios iluminados em azul, campanhas de conscientização e uma tentativa constante de furar o bloqueio do silêncio masculino sobre saúde. A Lei nº 4.636, criada pelo deputado Zé Teixeira em coautoria com o então deputado Marquinhos Trad, transformou a prevenção ao câncer de próstata em política pública permanente. Mas, dez anos depois, os números mostram que os desafios ainda são grandes.
O Estado registra, em média, quatro mortes por semana por câncer de próstata, segundo dados atualizados da Secretaria de Saúde. A estimativa é de mais de 1,2 mil novos casos por ano. A doença é o segundo tipo de câncer mais comum entre homens no Brasil, atrás apenas do câncer de pele não melanoma, e representa cerca de 29% dos diagnósticos no país.
Apesar dos avanços na área médica — com tratamentos menos invasivos e altas chances de cura quando descoberto precocemente —, o maior obstáculo segue sendo o mesmo de uma década atrás: o preconceito. “Não basta usar uma fita azul ou iluminar prédios. O que precisamos iluminar é a cabeça dos homens”, diz Zé Teixeira. Para ele, a campanha precisa ir além do marketing e enfrentar os tabus que ainda impedem muitos de buscar o diagnóstico precoce.
A resistência, segundo especialistas, vem de uma cultura que associa cuidado com fragilidade. Muitos homens evitam o exame por medo, vergonha ou por acreditarem que não precisam. A negligência custa caro. A maioria dos casos só é descoberta quando os sintomas já avançaram e o tratamento se torna mais complexo.
“O futuro da campanha depende de políticas públicas eficientes e da mudança cultural”, afirma o parlamentar. Uma das metas é ampliar o diálogo com os mais jovens. “Se conseguirmos mudar a mentalidade das novas gerações, teremos homens mais conscientes e famílias mais protegidas no futuro.”
O Novembro Azul em Mato Grosso do Sul, portanto, é mais do que uma data. É um esforço institucional, político e social para reverter décadas de omissão. Mas, como mostram os números, ainda há muito a ser feito. O câncer de próstata continua matando — mesmo sendo, em muitos casos, evitável.