Redação | 03 de novembro de 2025 - 15h35

Novembro Azul em MS: campanha avança, mas câncer de próstata ainda mata quatro por semana

Estado mantém política de prevenção desde 2014, mas resistência masculina ao diagnóstico precoce segue sendo desafio

SAÚDE MASCULINA
Dez anos após virar lei, campanha Novembro Azul avança em MS, mas câncer de próstata ainda mata quatro homens por semana. - (Foto: Divulgação)

Desde 2014, o mês de novembro em Mato Grosso do Sul é marcado por prédios iluminados em azul, campanhas de conscientização e uma tentativa constante de furar o bloqueio do silêncio masculino sobre saúde. A Lei nº 4.636, criada pelo deputado Zé Teixeira em coautoria com o então deputado Marquinhos Trad, transformou a prevenção ao câncer de próstata em política pública permanente. Mas, dez anos depois, os números mostram que os desafios ainda são grandes.

O Estado registra, em média, quatro mortes por semana por câncer de próstata, segundo dados atualizados da Secretaria de Saúde. A estimativa é de mais de 1,2 mil novos casos por ano. A doença é o segundo tipo de câncer mais comum entre homens no Brasil, atrás apenas do câncer de pele não melanoma, e representa cerca de 29% dos diagnósticos no país.

Apesar dos avanços na área médica — com tratamentos menos invasivos e altas chances de cura quando descoberto precocemente —, o maior obstáculo segue sendo o mesmo de uma década atrás: o preconceito. “Não basta usar uma fita azul ou iluminar prédios. O que precisamos iluminar é a cabeça dos homens”, diz Zé Teixeira. Para ele, a campanha precisa ir além do marketing e enfrentar os tabus que ainda impedem muitos de buscar o diagnóstico precoce.

A resistência, segundo especialistas, vem de uma cultura que associa cuidado com fragilidade. Muitos homens evitam o exame por medo, vergonha ou por acreditarem que não precisam. A negligência custa caro. A maioria dos casos só é descoberta quando os sintomas já avançaram e o tratamento se torna mais complexo.

“O futuro da campanha depende de políticas públicas eficientes e da mudança cultural”, afirma o parlamentar. Uma das metas é ampliar o diálogo com os mais jovens. “Se conseguirmos mudar a mentalidade das novas gerações, teremos homens mais conscientes e famílias mais protegidas no futuro.”

O Novembro Azul em Mato Grosso do Sul, portanto, é mais do que uma data. É um esforço institucional, político e social para reverter décadas de omissão. Mas, como mostram os números, ainda há muito a ser feito. O câncer de próstata continua matando — mesmo sendo, em muitos casos, evitável.