Quando o crescimento exige governança: o novo desafio das empresas do MS
Por Heloysa Furtado (*)
ARTIGOMato Grosso do Sul vive um ciclo de expansão sem precedentes. De acordo com projeções recentes do Governo do Estado, o PIB sul-mato-grossense deve crescer cerca de 6,8% no presente ano, superando R$ 227 bilhões, resultado, diga-se, impulsionado pelo agronegócio, pela bioenergia e pela chegada de grandes empreendimentos industriais.
Esse cenário coloca o Estado em posição de destaque nacional. Com a instalação de novas plantas industriais e a consolidação de cadeias produtivas, corolário lógico é um ambiente de negócios cada vez mais competitivo. Porém, o crescimento econômico traz consigo um novo e inevitável desafio: a governança corporativa.
Em um mercado que se profissionaliza rapidamente, não basta crescer — é preciso crescer com integridade, eficiência e sustentabilidade.
Todo e qualquer crescimento nos cobra maturidade e, neste sentido é que o avanço do Mato Grosso do Sul passa a exigir que empresas — de todos os portes e setores — adotem práticas mais estruturadas de gestão e conformidade.
Empresas familiares, cooperativas e indústrias que antes operavam de forma tradicional agora precisam atender a padrões internacionais de qualidade, rastreabilidade e sustentabilidade, como as certificações ISO 9001, ISO 14001 e GMP+, por exemplo.
Essas exigências não são meramente burocráticas: representam a nova linguagem dos negócios modernos. É preciso que se entenda que governança sólida significa previsibilidade, transparência e credibilidade — ativos cada vez mais valiosos diante de investidores, clientes e órgãos reguladores.
Na mesma linha de raciocínio é preciso exaltar o alicerce da confiança nas instituições, mais precisamente o compliance e a gestão de riso. Observe-se que o dinamismo político e econômico atual, aliado à complexidade regulatória, demanda que as empresas adotem modelos de compliance e gestão de riscos robustos, ou seja, códigos de conduta, políticas anticorrupção, treinamentos sobre ética e assédio, canais de denúncia e mapeamento de riscos como práticas indispensáveis para quem deseja longevidade institucional e reputação sólida.
Mais do que prevenir irregularidades, essas medidas promovem eficiência operacional e segurança jurídica, além de reforçarem a confiança entre colaboradores, parceiros e o mercado.
Percebe-se que o avanço das práticas ESG (Ambientais, Sociais e de Governança) redefine as regras do jogo e passa a exigir das empresas um “passaporte” para os novos mercados e, sem dúvidas empresas que integram indicadores de sustentabilidade em seus processos têm a emissão desse “passaporte” garantido, o que por sua vez, possibilita uma maior facilidade para acessar crédito, participar de licitações e integrar cadeias produtivas globais.
Em verdade, o Mato Grosso do Sul, com sua vocação agroindustrial e bioenergética, tem potencial para ser referência nacional em negócios sustentáveis — desde que o setor produtivo se prepare tecnicamente para isso.
O futuro econômico de Mato Grosso do Sul será promissor para as empresas que entenderem que governança é investimento, não custo, mormente porque, a maturidade de gestão é o que transforma crescimento em legado.
(*) Heloysa Furtado é diretora da Alleg Soluções & Treinamentos Empresariais, Mestre em Direito Empresarial e especialista em Governança, Compliance e ESG corporativo.